A tão falada Web 2.0, a do acesso gratuito à informação e aos utensílios informáticos, tem também um análogo mais convencional. Refiro-me aos jornais gratuitos, que me parecem estar com franco sucesso. Passo com frequência, de manhã, num ponto quente da sua distribuição, Entrecampos. Quase que me sinto mal e tenho de fazer um sorriso ao recusar o jornal, aceite por todos os automobilistas à minha volta.
Já tive curiosidade de ler um ou outro. A qualidade deixa a desejar, aquilo parece um simples boletim da Lusa, não há nada de opinião, a publicidade, obrigatoriamente, ocupa a maior parte do espaço. No entanto, pergunto-me se é legítimo criticá-los.
Há ainda três ou quatro anos, os meus alunos universitários não liam um jornal. Não é só impressão de companheiro de cafetaria, é resultado das respostas que me dão quando os interrogo sobre notícias de grande interesse científico publicadas nos jornais.
Hoje, as mesas da cantina ficam cheias dos jornais gratuitos que, todas as manhãs, são postos numa caixa à porta. É leitura de pouca qualidade, mas o pouco não é melhor do que o nada, a menos que o pouco seja intoxicante, o que não me parece ser o caso? Quantos jovens nunca iriam descobrir, com o tempo e a sua evolução cultural, as maravilhas da música erudita se não andassem, entretanto, a ouvir no iPod coisas sem qualquer qualidade?
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