28 fevereiro, 2008

É isso mesmo! Deviamos era todos chorar a rir!

Andava eu, há bocadinho, a fazer umas horas, para não fazer o jantar e, despreocupadamente, a saltitar de galho em galho pela blogosfera a fora, fui trumbicar em vários "algures" que me remeteram para este surpreendente texto:

"Um departamento de uma escola pública obrigou um professor a fechar dois jornais humorísticos, onde se satirizava a Igreja e alguns políticos, porque o conteúdo era "desprestigiante" para a escola.

O Conselho de Departamento (…) deliberou, numa reunião, que estes meus projectos na blogosfera tinham que ser encerrados. Segundo argumentam, desprestigiam a minha própria imagem, a imagem do departamento e, acima de tudo, a imagem da universidade. Além disso, (…) dizem que eu faço lá coisas que não têm nada a ver com a minha profissão e que um docente universitário não pode ser escritor criativo nem humorista. Portanto, proibiram-me também de participar em eventos ligados ao humor.(...).

Concedo total apoio ao "Departamento" e, é claro, que foi muito avisado o "juízo" do seu Conselho - é mesmo muito despretigiante, para todos e, sobretudo, para os próprios, quando alguem se lembra de rir, para não chorar, precisamente, porque devíamos mesmo era estar todos a chorar a rir com as palhaçadas a que assistimos e com as anedotas mandantes nesta terrinha em que, a partir de agora, incluo o referido Departamento.

Mais a mais, esse blogger não deve nunca e de forma nenhuma, no futuro ou próxima oportunidade, roubar as deixas super engraçadas do tal "Conselho de Departamento" - estas sim, é que têm mesmo piada!

23 fevereiro, 2008

O que é isso de mulheres?

Na sua crónica semanal do Público, São José Almeida fala de uma pioneira do feminismo em Portugal, Madalena Barbosa. Fico-lhe grato por esta contribuição para a minha cultura porque, confesso, não conhecia essa figura.

Mas o que me motiva esta nota é uma coisa um pouco à margem. “Nos anos 90, chegou a integrar a Mesa Nacional do Bloco de Esquerda. Mas sai em ruptura. O BE aceita em 1999, a pedido do PS, congelar o seu projecto de lei de quotas por sexos nas listas eleitorais. Numa reunião, Madalena Barbosa questiona a decisão e ouve Fernando Rosas perguntar: "O que é isso de mulheres?" Nunca mais voltou. “

Dá para acreditar?

22 fevereiro, 2008

EMPREGABILIDADE=DESEMPREGABILIDADE


Ele há coisas que me cansam...
Hoje de manhã, o MCTES anunciou na sua página, à comunicação social, o seguinte: "MCTES apresenta estudo sobre a empregabilidade dos cursos."

Sei que todos me gozam por ser uma devota convicta do GPEARI, e de facto sou, desde 1998, quando quem trabalhava, por lá, nestes temas era o pessoal afecto ao desactivado OCES.
Os colaboradores do GPEARI continuam a trabalhar bem - e penso que conseguiriam ainda trabalhar melhor, se... (já me estou a desviar,... isto são outros quinhentos...) - porque hoje publicaram aqui, um documento intitulado: "A procura de emprego dos diplomados com habilitação superior [Fevereiro 2008]".

A minha esperança estupidamente optimista foi que o estudo do MCTES sobre EMPREGABILIDADE dos cursos cá da terra não fosse o mesmo que o publicado pelo GPEARI, sobre DESEMPREGABILIDADE.
Acabo de constatar que afinal coincidem!!! E o título atribuído de manhã, pelo MCTES , à tarde já é o mesmo do GPEARI. ?????
___________________
O que eu gostaria muito que o GPEARI fizesse - e tenho a certeza que se não perderem a fibra, um dia, ainda se metem por aí - seria aonde e quem (entidades públicas ou privadas) paga os salários dos formandos com "baixa desempregabilidade".
Já agora, se os meus caros e raros leitores entenderem, vejam este texto, bastante interessante, para verificarem se o vosso conceito de empregabilidade continua o mesmo daquele constantemente confundido e mencionado pelo MCTES.
Diga-se de passagem, que mesmo considerando as devidas ressalvas, e seriam algumas, o trabalho do GPEARI é muito útil, e eu continuo aderente incondicional ao fã clube deles.

21 fevereiro, 2008

Só citações!

1- Hoje, o MCTES sente-se de parabéns:
"The Lisbon MBA com o MIT para a formação de gestores de topo nasce em Lisboa 21 Fevereiro 2008".
2- O documento mencionado no ponto 1, diz-nos que:
[...]
"Os estudantes serão seleccionados por concurso internacional, estando previsto o arranque em Janeiro de 2009 com 40 alunos, devendo o programa formar cerca de 330 gestores nos próximos 5 anos."
[...]
"O financiamento privado previsto inicialmente para garantir o lançamento do Programa nos primeiros 5 anos totaliza 9 milhões de Euros, que serão complementados com um valor máximo de 4.5 milhões de Euros de financiamento público através da Fundação para a Ciência e Tecnologia, FCT."
3 - O documento, mencionado no ponto 1, conclui-se assim:
"....peritos do MIT concluíram, entre outros aspectos, que: «… O compromisso do Governo Português em reforçar a Ciência e a Tecnologia e em promover a cooperação internacional no Ensino Superior, fazem de Portugal um país muito interessante para realizar investigação e um parceiro relevante para futuras parcerias na economia do conhecimento que emerge».
[...]
4 - Num parque de estacionamento da Sloan School of Management do MIT (Massachusetts Institute of Technology) um parceiro internacional do Lisbon MBA, há uma placa documentada em fotografia tal como mostra imagem ao lado.
5 - As citações não são minhas, hoje não digo nada, faz uns tempos largos que também deixei de pensar, e as conclusões são as de cada um.

Nota gastronómica (XLIX)

Nova receita

Já avisei que, para defesa dos meus ricos olhinhos, tenho de me disciplinar no uso do computador. Vou repescando coisas escritas e nunca publicadas, como esta receita, que devia ter saído no verão passado.

Quando me resta cozido, e é quase sempre que me acontece, sempre avantajado, faço roupa velha, coisa excelente da cozinha tradicional esquecida (também a roupa velha do bacalhau cozido com todos). Há já alguns meses, variei, correspondendo ao calor da época. Fiz um carpaccio de queijo de carnes com pequenas brunesas de legumes e espuma de Madeira. Como tenho um sifão, foi-me muito fácil fazer a espuma. A maioria dos meus leitores não o têm e, em sua atenção, modifico a receita, mas sem garantia porque não experimentei.

Carpaccio de roupa velha com guarnição simples e espuma de laranja azeda
Restos das carnes e enchidos de um cozido, cerca de 600 g. 400 g de miolo de pão rústico.
1 mão de vaca, 1 cebola, 4 dentes de alho, 1 cenoura, 1 folha de louro, 1 raminho de salsa, sal, pimenta preta em grão, 4 cravinhos. 4 c. sopa de manteiga, 1 cebola pequena, 4 dentes de alho, 2 gemas.
1 alface, flor de sal.
1 c. sopa de manteiga, 1 c. sopa de farinha, caldo, 1 dl de sumo de laranja, 1 c. sopa de sumo de limão, 1 dl de natas, 1 raminho de alecrim.
Ovos cozidos, azeitonas pretas recheadas com pasta de malagueta e queijo fresco.

Cozer a mão de vaca com a cebola picada com os cravinhos, os outros ingredientes e os temperos. Como solução simples, se tiver restado caldo do cozido, em quantidade suficiente, pode-se usar em vez deste caldo, acrescentando gelatina. Coar o caldo.

Picar muito fino todas as carnes, mas não a moer. A melhor técnica é usar duas facas muito pesadas, uma em cada mão e ir malhando como batuque africano.

Embeber num pouco de caldo o miolo de pão, bem esfarelado. Alourar na manteiga a cebola e o alho picados fino e acrescentar as carnes, as gemas e o pão esmagado. Juntar 2 dl de caldo gelatinado. Ferver a lume alto, cerca de meia hora, mexendo bem, até secar e começar a ver-se uma crosta queimada no fundo. Deixar arrefecer, moldar num rolo de cerca de 5 cm de diâmetro, comprimindo bem e embrulhando em filme plástico de cozinha. Deixar no frigorífico. Fatiar fino, numa fatiadora de fiambre.

Arranjar, lavar e escorrer as folhas tenras do interior da alface. Temperar com flor de sal.

Fazer roux com a manteiga e a farinha e aveludar com caldo de carne e água. Ferver 5 minutos com o sumo de laranja e de limão e o alecrim. Remover as folhas de alecrim. Coar e ajustar a consistência para molho cremoso leve. Deixar arrefecer. Se se tiver um sifão, juntar as natas e fazer espuma. Na falta, com o molho frio, juntar as natas, numa tigela com o tamanho adequado para, inclinada, permitir bater com varinha.

Servir colocando no centro do prato uma rodela de ovo cozido, com uma azeitona recheada. Logo à volta, fatias de carpaccio, parcialmente sobrepostas. Na borda do prato, folhas de alface regadas com a espuma.

18 fevereiro, 2008

One small step for a man, a giant leap for mankind

Ainda com limitações de escrita, vou publicando, para marcar presença. alguns textos anteriormdente escritos. A maioria dos leitores não se deve ter apercebido de que a última semana (este texto doi escrito em 20 de Janeiro) entra na história com uma das mais promissoras conquistas científicas, a primeira clonagem bem sucedida de um ovo humano. Desculpem alguma explicação, mas que creio necessária. O ovo humano resulta da fertilização de um oócito, feminino, por um espermatozóide, masculino. Cada uma destas células é haploide, só tem 23 cromossomas, em cópia única. Depois da fertilização, o ovo passa a ter um conjunto duplo de cromossomas, em pares. Todos nós, todas as nossas células, depois desta duplicação genética, dizem-se diploides, devendo metade ao pai e metade à mãe. Só em duplicação genética é que se desenvolve a vida

Não é bem verdade, porque afinal mãe é mãe e todos nós devemos mais à mãe do que ao pai. No ovo, o núcleo, com o total diploide dos cromossomas, é paritário, mas todo o resto da célula, de enorme importância, é da mãe. Até há genes, os mitocondriais, que eu e todos os meus amigos homens só recebemos do lado da mãe, os do pai perderam-se pelo caminho difícil da fecundação.

Isto quer dizer que para a formação de um ovo, o oócito feminino (feminino é sempre o "receber"!) está pronto a desenvolver a informação genética diploide resultante da fecundação. mas também pode fazê-lo com um outro núcleo diploide, de células adultas, masculino ou feminino, introduzido num oócito de que previamente se esvaziou o núcleo. É a clonagem. Na prática, o essencial é que este ovo e o animal que dele resultar (lembram-se da ovelha Dolly?) não é a "mistura" de pai e mãe mas sim a cópia de quem forneceu o núcleo e os cromossomas (e assim se pode ser, verdadeiramente, filho da mãe...).

Então vamos produzir seres em série, geneticamente iguais? Tolice, seria a clonagem reprodutiva, só um louco a faria e dificilmente, com todas as regras de bioética que temos hoje. Outra coisa é que este clone, a qualquer momento, me/lhe permite dispor de células estaminais (péssima tradução, vou escrever células indiferenciadas, já explico porquê).

Todas as nossas células contêm o mesmo conjunto de genes, mas a natureza é económica. Porque é que um neurónio há-de produzir um enzima pancreático ou uma célula sanguínea produzir um neuro-transmissor? É o que se chama a diferenciação, cada célula de cada órgão adulto tem uma data de disjuntores genéticos desligados, para "poupar electricidade". No ovo, não pode ser assim, as células têm a capacidade de se orientar para as muitas estradas da diferenciação. Hoje conhecemos bastante bem, e podemos usar, quais os factores biológicos, os "sinais de trânsito", que fazem uma célula ir para célula sanguínea ou para célula do fígado.

Na prática, isto quer dizer que as células indiferenciadas, com esta capacidade de evoluírem em múltiplas direcções, são capazes de produzir novas células onde já tudo parecia morto: num enfarte do miocárdio, numa lesão da medula de um tetraplégico, no pâncreas de um diabético, na retina de um cego, no cérebro de um doente de Parkinson.

É claro que o Vaticano já veio dizer que isto era a mais horrorosa das manipulações da vida humana. Diz da pior maneira, usando argumentos cientificamente insustentados, como o de que é possível obter facilmente células indiferenciadas por outros meios. É extremamente difícil obtê-las de um adulto nos casos típicos em que pode precisar delas (por exemplo, um doente com enfarte do miocárdio). É possível obtê-las por altura do parto, do sangue do cordão umbilical, mas isto significa que cada pessoa teria de ter congelado, toda a vida, um armazém de células indiferenciadas. A clonagem permite é esta coisa simples: ter as minhas células indiferenciadas quando preciso delas.

Infelizmente, receio que não seja só o fundamentalismo religioso a condenar estas enormes explorações do domínio pelo próprio homem da inexorabilidade do seu destino. Há toda uma enorme relutância cultural em relação aos "perigos da ciência". É certo que há razões para receios e a tragédia de Hiroshima deve estar sempre presente. Mas parece-me inegável que o homem tem sabido aprender com cada tragédia. Pior até são as coisas mais pequenas, mas também as que mais devem fazer pensar em termos realistas. Por exemplo, morrem anualmente milhares de pessoas com infecções por bactérias resistentes a antibióticos, na maior parte dos casos por erro humano. Mas quantos milhões de vidas são salvas por antibióticos?

Portanto, nada disto me tolhe o tradicional optimismo generoso (utópico?) dos cientistas. Principalmente porque este optimismo é lúcido e são os cientistas os primeiros a estabelecerem o mais seguro dos sistemas de controlo das suas conquistas. E, já agora, porque, admitindo excepções aberrantes, a ciência é uma acttividade que motiva homens superiores e essa superioridade não fica esquecida quando se apaga a luz do laboratório.

17 fevereiro, 2008

Too damn BRIGHT and cheery good job!

Não controlo o facto de apreciar com alarido e comentar com emoção, o resultado de trabalho feito com base na simples análise lógica dos objectivos, condições e recursos disponíveis, usando como referência aquele ditado popular: se a vida nos der limões, pois façamos limonada!
Hoje, venho tirar o chapéu à Universidade de Aveiro por ser uma instituição atenta ao seu "ambiente concorrencial".

[Um aparte irrelevante:
Será que é por ter uma reitora? Nah!.... Não!
Deve é NÃO TER o seu povo todo encostado numa qualquer esquina a dormir e a passar o tempo a filosofar sobre autonomias, ou as cotações destas nos mercados de votos....]

Já não é de hoje, mas prova-se por aqui, que a UA continua a PENSAR sistemática e, objectivamente, a AGIR mesmo, quanto à sua posição relativa ao RJIES! - isto sim, em Portugal, é REFRESCANTE E INOVADOR!

Penso que deve ter lido com alguma atenção todo o documento, pertinente à Lei nº 62/2007 em especial, os artigos 115.º, 132.º e 136.º e chegado às duas únicas conclusões possíveis:

1) "Autonomias" e quejandices, filosoficamente, são giríssimas mas só e desde que se tenha grana disponível à discrição - não parece ser o caso nacional!

2) Como as granas disponíveis de base, pelo RJIES, estão (FELIZMENTE, MUITO digo eu) regulamentadas, ou por lei específica ou por condições contratuais directa ou indirectamente dependentes do MCTES, é melhor "bolar" um "pé" para se chegar, e rápido à fala directamente com o MCTES, antes que os outros percebam as hipóteses de negociar com a vantagem de quem chega primeiro aos sistemas de distribuição - comedouro das parcelas de receitas privativas, directamente oriundas de fundos públicos, particularmente, a saber (digo eu):
[.....]
c) As receitas provenientes de actividades de investigação e desenvolvimento;
[.....]
f) As receitas derivadas da prestação de serviços, emissão de pareceres e da venda de
publicações e de outros produtos da sua actividade;[Nota minha: Pareceres,
recomendações, relatórios...]

[.....]
n) As receitas provenientes de contratos de financiamento plurianual celebrados com o
Estado;

[.....]

Aliás, foi por causa deste pensamento simples e óbvio, e para prevenir o prosseguimento nacional de se avolumarem Receitas Privativas adquiridas, espertamente, apenas por alguns, à custa do erário público de todos, já tão ao gosto e em uso pelo ISCTE, e não só...., que eu escrevi, em 04/07/2007:

"Registo em arquivo falecido - Papel selado de 25 linhas "

__________________

Como o RJIES não preveniu nada disto; Desejo do coração, à UAVEIRO, que consiga melhorar as suas receitas privativas, com esta aberta legal da Fundação - que, afinal, parece ser pública de direito privado ou vice versa, o resultado, neste particular, é o mesmíssimo - porque é uma instituição que, a meu ver, fez por MERECER esta abébia!

15 fevereiro, 2008

O único nosso "outcome" do Processo de Bolonha

Hoje, podemos ver publicitadas, através do Blog de Campus, do Jornal de Negócios, as primeiras notícias do único outcome potencialmente previsível na implantação do Processo de Bolonha, por aquele modelo, bem cá à nossa moda:
"No universo de 25 mil docentes do ensino superior público, cerca de 9.500 professores (quase 40%) têm contratos administrativos de provimento com o estatuto de convidados, ou seja, fora da carreira que pode conduzir à nomeação definitiva"
...
"Parte significativa dos docentes em causa provém do ensino superior politécnico público, onde os contratos são tendencialmente mais curtos. Entre 10 mil docentes, três em cada quatro (7.500 no total) estão com vínculos precários."
______________________
É por isso que penso que, em Portugal, nos bastava um único ministro - Sua Excelência o Senhor Ministro das Finanças, das Finanças não! - o das "contitas manhosas de mingar".
Hei!, Senhor Primeiro Ministro, ainda não pensou na economia nacional desta opção?
Claro que sim...
Tentadora? Não?
Vá! Confesse lá....

13 fevereiro, 2008

A filosofia do humor


Estou ainda com grandes limitações à escrita, mas vou-me tentando. Começo por uma nota curta, sobre a filosofia. É uma coisa com uma diferença essencial com a ciência. Não é preciso ser-se cientista para saber ciência, pode-se recorrer a educação de bom nível ou até a boa divulgação. O que é impossível é um não cientista fazer ciência.

No caso da filosofia é diferente. Vou considerar como filósofo, por analogia com o cientista, o erudito, profissional, com grande informação e conhecimento do essencial do pensamento filosófico histórico. Serão uns milhares de pessoas. Mas há muitos mais "filósofos". Não vou referir o caso limite da "filosofia espontânea", discutida por Althuser, mas mais o caso de pessoas que, em variadas actividades, na sua reflexão, na visão do mundo, da sociedade e do homem, fazem filosofia, talvez a um grau menor de elaboração, mas decerto, com frequência, muito rica, no sentido em que mais valorizo a filosofia: fazer os outros reflectirem.

Até o humor permite isto, por vezes com que eficácia! Vem isto a propósito de ter sido agora publicado um livro que obviamente já encomendei, "A Filosofia segundo Woody Allen". Não se enganem, não é mais um dos magníficos livros de humor do complexado-mor.

É um livro escrito por quinze eminentes filósofos, académicos, que passam a escrito aquilo que costumam fazer, usar nas suas aulas e discutir com os alunos o forte conteúdo filosófico que está por detrás de cada piada de Woody Allen.

Enquanto não lerem o livro, façam um exercício: leiam com olhos de filósofos a colecção de citações de Woody Allen que tenho no meu "site". Poucas, vou ter de completar a lista.

Tecla(s) 3 ???!!!

Só pode ser isso!
Fartei-me de grasnar, perguntar, de questionar e de indagar a toda a gente (MCTES, deputados da Assembleia da República e Presidente da República e até na blogosfera) sobre a interpretação que deveríamos dar ao significado nacional de "Investigação Orientada" reservada ao subsistema politécnico, pela lei nº 62/2007, a tal do célebre RJIES. Lembram-se?
Já não? Pois, percebo, eu também já me tinha esquecido....
Os responsáveis deste país, às minhas perguntas, quase comício, sobre o famigerado RJIES, foram-me respondendo com esta gravação: As suas questões serão tidas em consideração!
Acho que sim, e agradeço muito, porque as "minhas" questões devem mesmo ter sido tidas em consideração.
É pena é que a legislação nacional que diz pretender governar a nossa Educação Superior - que deu e está a dar no que está a dar - é que não mereceu consideração de ninguém!

O Alexandre Sousa do Co-Labor, a páginas tantas, teve a paciência de entrar em cena para me ajudar e ler com olhos de ver o Manual de Frascati. Obrigada Alexandre!

Vejam aqui o resultado da "minha interpretação" sobre a minha leitura intensiva do famigerado Manual.
Há outra?
OK! "Desembuchem! Estou à espera!
______________________
PS 1 - Desta vez (só desta vez), infelizmente, penso que não sou eu que tenho direito à designação de Tecla 3.
Mas que há numerosas Teclas 3 - com responsabilidades, pensando que os outros é que são os Duh! - lá isso há!
_______________________
PS 2 - Se me perguntarem porque é que a minha interpretação está expressa num
"pauerpointe" em "inglês manhosíssimo", eu digo-vos:
Acho que interessa (já interessou, e bastante!) a muitas pessoas que não se expressam tão bem português, quanto em "inglês".

10 fevereiro, 2008

Encontro de bloggers de IES

Contando com a organização e o apoio logístico de J. Cadima Ribeiro, do blog "Universidade Alternativa" o próximo encontro de bloggers de Educação Superior, 2ª edição, está a tomar forma, e previsto para dia 10 Março, mas ainda com data a confirmar.
O encontro será exactamente aqui.
Fiquem atentos!

09 fevereiro, 2008

Complex business mergers

Meus caros e raros leitores, alguém vai ter que vir a correr em meu socorro, porque há mais de um mês que ando estarrecida e de boca aberta, com as notícias que, efectivamente, não passam de reverberações de rumores distantes, do que se anda por aí a fazer, a desfazer e a não fazer, sob a desculpa da necessidade de reformas da educação terciária, da reorganização da rede de oferta de formações, das fundações, consórcios, fusões, aquisições, inovações e outras coisas que tais... sem que ninguém ao certo pareça, efectivamente, perceber os contornos do que quer que seja do que se está a passar ou, de forma muito simplista, daquilo que de facto quer...

Para resumir a minha situação, e por exemplo, todos sabemos que a maior parte das fusões e consórcios têm o pequeno defeito de falharem, redondinhos, benefícios eventualmente promissores.
A maior parte das falhas destas opções resultam das entidades de origem estarem inquinadas de identidades culturais diversas, que precisariam de ser, previamente, harmonizadas.
O resultado sinergético e potenciador de uma fusão ou de um consórcio pode ser espectacular, mas ao ignorarmos, à partida, pelo menos, quais são os benefícios expectáveis, dá-me ideia que a mudança aos olhos dos leigos, como eu, se perspectiva numa espécie tipo Adamastor - uma coisa desgrenhada com olhos em bico e dentes amarelos, que fica à nossa espera, não se sabe aonde nem quando.... TENEBROSO!

Quero com isto dizer, por exemplo, que compreendo que o Senhor Presidente do CCISP - para fazer as vontades ao Ministro Mariano Gago de formar "consórcios estruturais entre os politécnicos de regiões próximas" - arrisque a dizer-nos mais ou menos isto: que será ".... algo na linha do que se passa na União Europeia: cada politécnico perde soberania (à semelhança dos Estados), mas não a sua autonomia (tal como cada um dos países). “É preciso é saber qual o limite da soberania, por exemplo”, refere o presidente do CCISP." [1]

Ora bem, até essa ideia pálida, vai a ciência da população em geral, mesmo, aquela mais distraída - desconfiamos do que é e de como funciona um consórcio, o que não se percebe, a meu ver, são coisas muito mais simples mas essenciais ao bom acolhimento das mudanças, por parte dos envolvidos ou a envolver nestes "negócios de grego" (salvo seja, porque já nem os gregos são assim... como, aliás, nem nunca foram...):
- quais são os objectivos REAIS do instituição de consórcios;
- quais são as vantagens REAIS da instituição de consórcios;
- quais são os POTENCIAIS inconvenientes [fora as perdas dessa tal soberania (mais para sobas do que para soberanos) e da hipotética autonomia].

Se alguém me souber esclarecer, como preciso, só destas 3 coisitas "primevas" a respeito desses consórcios, ficarei grata porque, além de estarrecida, ultimamente, ando a sentir-me burra de doer....
Isto é só uma fase passageira, ... não é? NÃO É?!


[1] http://campus-destaques.blogspot.com/2008/02/maiores-politcnicos-do-norte-vo.html

06 fevereiro, 2008

Tortura

Devia ter mais cuidado com os olhos e suspender a escrita, mas é coisa compulsiva, principalmnte quando se está indignado. Leio hoje que o Congresso americano está a discutir a legalidade da prática de simulação de afogamento a prisioneiros de Guantanamo. Entre as demais coisas há o mimo de os agentes da CIA estarem bem treinados para não permitirem que o "waterboarding" resulte em morte.

Com isto, o que é tortura? Provavelmente só arrancar unhas e dentes e dar choques eléctricos. A privação do sono e a estátua eram coisas muito benignas e legítimas praticadas pela Pide... Pode alguém ter dúvidas de que há tortura, pura e simplesmente, que não admite graus de admissibilidade? Posso ser simplista, mas para mim tortura é TODO E QUALQUER sofrimento físico ou psíquico infligido para obtenção de uma "confissão".

02 fevereiro, 2008

Autonomia aplicada

Com uma extraordinária ambivalência de sentimentos sado-masoquistas, hoje à noite, pus-me a ler a Oração de Sapiência proferida pelo Ministro Mariano Gago, na comemoração dos 25 anos do Instituto Politécnico de Bragança (a 28 de Janeiro).
Penso que foi uma lição interessante, e que me permitiu confirmar que o Senhor Ministro está para as reformas da educação superior, tal e qual, como eu estou cá em casa para os meus cozinhados - sou a chefe de fogão e forno micro-ondas, a famosíssima "serve cru"... perdi-me...

Contava-lhes eu então que, a meio da lição, o Senhor Ministro declara:
Os reformadores não poderão mais esperar que a reforma lhes seja servida de bandeja, já feita e cozinhada. Viria fria. Terão de se bater nas suas próprias instituições pelas reformas a que dizem aspirar, e de provar merecê-las, prosseguindo no âmago das instituições o que a reforma legislativa, à escala do País, marca como rumo, mas apenas o trabalho de cada um pode converter em acção.

Ele plagiou os meus procedimentos culinários e, em retaliação, eu vou plagiar, para consumo doméstico, os argumentos dele: ..."meus queridos familiares isto aqui (que vocês, ingratamente, chamam de mistela pouca e mal amanhada) pode tornar-se na iguaria que quiserem, desde que cada um, agora, a termine a gosto e a contento pessoal, mas tratem de não fazer absolutamente nada, na cozinha e imediações, de que eu me possa lembrar que não vou querer... ah! e, no fim, quero a ala de serviços num brinquinho".

Resumindo, como tenho muitíssimas culpas nesse outro cartório caseiro, vou alinhar com esse pensamento de cada instituição de educação superior poder, seleccionar tudo o que queira fazer, incluindo o seu modelo de autonomia "com trabalho árduo, troca de boas práticas entre profissionais, acção concreta em cada escola, em cada matéria, em cada turma".
É isso! A Liberdade e Autonomia institucionais são conquistas não são um prato feito, e têm irremediavelmente os seus custos.
Meus caros e raros leitores, é só sabermos bem o que queremos, orçamentar bem, e vermos se estamos dispostos a pagar a factura.... Isto é um "trabalhinho de sapa", não têm glamour nenhum (ao contrário do que parecem pensar algumas comissões estatutárias), mas já que o MCTES não o fez por nós, sejamos nós a fazer tudo o que precisamos, para garantirmos que alcançamos exactamente o que queremos. Não é tão fácil como parece, mas a legislação disponível, neste particular, é flexível que baste - como a minha culinária é conversível em tudo desde a entrada à pós-sobremesa.....

Não nos podemos é manter com hesitações e nostalgias do conforto da gaiola... neste ponto, estou do lado do Senhor Ministro - há que dar corda aos sapatinhos....