E agora, o que vem a seguir? Creio que a vitória do "sim" animará os defensores do debate de outras questões sócio-culturais importantes. Penso logo no casamento homossexual, que também afecta directamente, com boa probabilidade, dezenas de milhares de portuguesas e portugueses. Também na eutanásia. No entanto, tenho fortíssimas dúvidas sobre se já há receptividade cultural no nosso país para a sua discussão.
Diferente me parece o caso de outras duas chagas sociais, talvez mais relevantes do que o aborto clandestino: o consumo de drogas e a prostituição. Creio que, em ambos os casos, haverá, como no aborto, uma atitude afectiva geral de simpatia para com as vítimas. No entanto, a meu ver, há uma diferença essencial em relação ao aborto. Descriminalização só do agente "directo" (o tóxico-dependente ou a prostituta), mas nenhuma contemplação para com o traficante ou o agente de lenocínio. Até vou mais longe, penalização de quem solicita os serviços sexuais.
É claro que vejo estes dois casos na mesma perspectiva do aborto. Não se trata de simples liberalização, mas sim de um instrumento de combate à clandestinidade e de políticas mais amplas, de desintoxicação e de saúde pública (basta lembrar a Sida), num caso, de reinserção social no outro.
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