Na sequência de afirmações de psiquiatras ligados aos movimentos pelo "não", que falavam de uma "síndrome pós-aborto", mais de 50 psiquiatras subscreveram um abaixo-assinado, no qual rejeitam a existência de diagnósticos psiquiátricos resultantes do aborto, realçam que o conceito não existe em nenhum compêndio científico e tomam posição a favor da despenalização da interrupção voluntária da gravidez até às dez semanas.Acho que fazem muito bem. Descontando algum exagero, parec-me estar-se perante o análogo criminal do abuso de poder. Aqui, não se trata do aproveitamento de um cargo para fins ilegítimos de antureza material, mas não fica muito longe. É o aproveitamento de um cargo e de uma credibilidade por ele conferida para enganar a opinião pública. Ai, o tão apregoado código deontológico dos médicos!
Subscrito por vários chefes e directores de serviço de psiquiatria (...) o documento começou a circular, apenas no meio psiquiátrico, em reacção às declarações de Adriano Vaz Serra, director do serviço de psiquiatria dos Hospitais da Universidade de Coimbra, que corroborou a ideia de uma "síndrome pós-aborto", primeiramente referida pela psiquitra e mandatária da Plataforma Não Obrigada! Margarida Neto. O que mais indignou os subscritores do abaixo-assinado foi o facto de Adriano Vaz Serra ter falado como presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental. Ao PÚBLICO, a psiquiatra Ana Matos Pires, mandatária dos Médicos pela Escolha, adiantou ter já enviado um pedido de esclarecimento ao colégio de psiquiatria da Ordem dos Médicos e acrescentou que também vai dirigir a mesma solicitação à Sociedade Portuguesa de Psiquiatria.
09 fevereiro, 2007
Abuso de poder
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