12 novembro, 2007

Sem papas na língua

António Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa, já aqui o escrevi, é um dos expoentes do que me parece ser um movimento de mudança no CRUP. Não tem papas na língua. O ministro que se cuide, até porque já viu o que a casa gasta, num célebre debate televisivo.

Agora foi o seu discurso na abertura do ano académico. Selecciono algumas passagens, a que aliás a imprensa deu eco, e que me parecem não precisar de maior comentário.

"... faz-nos falta a revisão do Estatuto da Carreira Docente Universitária, a mais urgente de todas as mudanças. Sem um Estatuto que permita recrutar e promover os melhores, pondo fim à mediania e à endogamia, estabelecendo uma ligação forte entre ensino e investigação, é impossível reformar a universidade. Sobre isto, até agora, o Governo disse nada."

"... fazem-nos falta modelos claros e transparentes de financiamento. (...) A nossa reivindicação é clara: queremos modalidades de financiamento mais exigentes, mais competitivas, baseadas em resultados concretos (de ensino, de empregabilidade, de ciência, de tecnologia)."

"Nos últimos dois anos somos o único país da Europa que reduziu o investimento no ensino superior, remetendo as instituições para uma lógica de pura sobrevivência".

"... vulgo RJIES, que contém inúmeros aspectos positivos mas que corre o risco de se transformar numa mera reforma orgânico-burocrática".

Elementary, my dear Nóvoa. "Elementary", mas não há ninguém no MCTES que perceba? É preciso obrigar um reitor a gastar esforços a dizer isto?

Ficam por comentar duas afirmações importantes de António Nóvoa, a da comparação com o financiamento do programa MIT e quejandos, bem como a possível reorganização do espaço de educação superior de Lisboa. São dois temas de fôlego, não cabem nesta nota, ficarão para seguintes. Merecem.

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