Escrevi há tempos uma nota sobre ingredientes açorianos. Hoje lembrei-me disso, a propósito de um almoço muito simples, prato banal de dia-a-dia apressado em casa dos meus pais.
1,5 chávenas de arroz carolino, 2 linguiças, 1 cebola grande, 3 dentes de alho, 250 g de repolho, 1 tomate grande ou 2 c. sopa de polpa de tomate, 1 dl de azeite, 3 cs de banha, 1 folha de louro, sal, pimenta preta moída, 4 grãos de pimenta da Jamaica, 1 c. sopa de massa de malagueta. 1 c. sobremesa de massa de pimentão ou 1 c. chá bem cheia de colorau, 3 chávenas de água.
Aquecer o azeite, juntar o repolho ripado e dar bastantes voltas, durante 2 minutos. Retirar e reservar o repolho, escorrido. Picar a cebola e o alho e refogar no azeite, só até quebrar. Acrescentar o tomate picado grosso, a folha de louro, a massa de pimentão, a malagueta, sal, pimenta preta e a pimenta da Jamaica esmagada. Estufar a lume baixo, até tudo estar bem desfeito e esmagar. Cortar a linguiça aos cubos grosseiros, fritar ligeiramente na banha, durante meio minuto a lume forte e escorrer. Voltar a aquecer a tomatada com o repolho. Acrescentar a linguiça, com parte da banha. Juntar o arroz, muito bem lavado, e saltear até ficar translúcido. Acrescentar a água e cozer, a lume médio, durante 12 minutos. Apagar o lume e manter a panela tapada, durante mais 2-3 minutos, até o arroz estar bem cozido e relativamente seco.
O que tem isto a ver com os tais ingredientes açorianos? Tudo. O repolho, como disse, é diferente, em textura e sabor. Recebi-o como oferta fraterna e até foi o motivo para fazer este petisco. No entanto, não vou ser muito exigente, creio que só um gosto açoriano treinado é que notará logo a diferença. Já a linguiça, essa sim. Felizmente, ainda a tinha congelada desde uma última viagem. Note-se, à margem, que a congelação a torna um pouco encarquilhada e acastanha um pouco a cor vermelho vivo. Aceitando alguma dose de sentido prático, teria usado um bom chouriço de carne alentejano se não tivesse a linguiça (mas nunca linguiça continental). Pior é a massa de malagueta. Substitui-la é problema que nunca se me põe, porque a tenho sempre em casa, mas já sugeri, como aproximação grosseira, a pimenta da Caiena.
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