Ontem, estava eu salivando, diante de uma irresistível bomba calórica, daquelas lotadinhas do "péssimo" colesterol - um prato de ovos e bacon, deliciosamente, fritos na manteiga - e uma pessoa minha conhecida perguntou-me: "Olha lá, tu aqui - nas circunstâncias desta maravilha de comida - serias o quê? O porco ou a galinha?" Para falar a verdade, duvidei da interpretação que deveria dar à pergunta e, de chofre, menos ainda me apetecia ser qualquer um deles, mas estoicamente respondi, escondendo, simultaneamente, a gula e o choque resultante da potencial e hipotética ofensa pessoal, com um mal disfarçado sorriso amarelo - bom... talvez eu pudesse ser a galinha, não?...
Como sempre, cada vez que tenho 50% de hipóteses de acertar, é 100% certo que selecciono a asneira, como os meus caros e raros leitores, hoje e aqui, testemunharão.
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Vem a descrição desta passagem constrangedora, a propósito do facto de, hoje, percorrer, ao de leve, a blogosfera, e encontrar em diversos blogs e também em jornais online, a referência a diversos textos, sobre o (des)emprego de licenciados, de que cito só alguns exemplos:
1 - Três publicitações muito vagas sobre o emprego de licenciados, na Edição Impressa do Diário Económico online - em dois dos quais o acesso ao documento completo é condicionado, e que aproveitei para só ler as "headlines" gratuitas:
"Conheça os cursos com emprego garantido;
Ministro garante que próximo relatório já vai separar as escolas;
O retrato do desempregado licenciado num estudo inédito".
2 - Dois textos deveras interessantes, subscritos por Virgílio A. P. Machado, que encontrei no Blog de Campus, um dos quais (o primeiro) muito simples, mas bem fundamentado, facilitando a compreensão dos assuntos: "Com a verdade me enganas" e "Arranja-me um emprego".
Deste último texto ficou-me zunindo no miolo, a seguinte frase: "A ligação acima (V.A.P. Machado referia-se a um documento do SIMPLEX'07, permitindo como é seu hábito salutar, aos leitores a confirmação das suas afirmações através da consulta de documentos originais), destina-se a qualquer pessoa mais incrédula que queira confirmar, com os seus próprios olhos, que o texto citado é mesmo assim, sic, ipsis verbis, sem tirar nem pôr". Porque será que nem todos - e são, entre nós aos milhares, com níveis diferenciados de responsabilização - os que discorrem, publicamente, sobre assuntos de interesse colectivo não seguem esta boa (boníssima e elementar) prática? Dizem-nos qualquer coisa dogmática do alto do seu elevado e selectivo conhecimento, e esperam que façamos dos seus saberes e dizeres, os nossos verdadeiros actos de fé.
Contei-lhes isto porque - face ao que nos descreveu V.A.P. Machado - considerei ser super enigmático (no caso presente, não deveria eu escrever "inimigático"?) o subtítulo do texto Ministro garante que próximo relatório já vai separar as escolas: "Estudo de 2008 já vai mostrar a evolução da oferta de emprego e terá o nível de desemprego por curso actualizado automaticamente, garante Mariano Gago".
Querem os meus caros e raros leitores apostar comigo em como, seguramente, iremos ler, lá para 2008, excertos devidamente orientados, de mais um relatório, daqueles "estrategicamente" encomendado, efectuado com base em:
1 - excelentes compilações e sínteses estatísticas, sempre disponibilizadas online, e executadas pelos colaboradores do GPEARI, na página: "A procura de emprego dos diplomados desempregados com habilitação superior", que encontram, com mais pormenor aqui e aqui; e
2 - com as informações, produzidas pelas escolas, sabe Deus como, se souber..., e que serão arquivadas para consulta futura, numa plataforma do SIMPLEX'07?
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Depois disto, explico o contexto da minha descrição do prato de ovos e bacon: é que o meu companheiro do almoço detectou a minha atrapalhação, e explicou-me: "Num prato de ovos e bacon, a galinha é só envolvida no processo, enquanto que o porco se empenha pessoalmente... não achas?".
Que pena que, em quase todas as questões mais sérias, relacionadas com a educação superior, ciência e tecnologia portuguesas, a maioria dos interessados não tem sequer opção, não pode ser porco, nem que gostasse muito de se empenhar na estratégia e nas soluções, exclusivamente, após compreender toda a extensão da problemática,.... mas terá que contentar-se com os dogmas - resta-lhe ser galinha.
10 novembro, 2007
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