19 setembro, 2007

Novamente o Público


José Manuel Fernandes, director do Público, já deve enjoar o meu nome. Ainda anteontem lhe fiz notar que uma jornalista escreveu "... afirmam que medida que...". Hoje, arrumando jornais já de uns dias, dou por esta nota sobre a corveta Jacinto Cândido. É claro que para o Público "barco" de guerra é tudo a mesma coisa, corveta e fragata são nomes bizarros, mas também leitor e bicho é tudo a mesma coisa na estima do jornal.

Quem olha para aquela imagem suspeita logo de que navio daquele deslocamento não é corveta. Se conhecer um pouco mais de marinha, vê que é uma fragata da classe Vasco da Gama (mais conhecida por Meko). Se for mais curioso, como eu, vai confirmar que a F331 é a Álvares Cabral e que a corveta Jacinto Cândido é a F476 (já decrépita).

Esquisitices, dirão. Mas o que diriam se o jornal, a ilustrar uma notícia sobre Sócrates, estampasse uma fotografia de Salazar? Afinal, se navio é navio, também primeiro ministro é primeiro ministro.

2 comentários:

Al-Landeee disse...

Caríssimo João,

Conheci-o hoje; procurava (googlava) informação tendencialmente - palavra tendencialmente na moda - sobre fígado de tamboril e fui parar a umas notas de viagem sobre os meus amados Açores e que mencionavam também a fraca qualidade geral dos restaurantes e a negligência com se trata a cozinha açoriana. Como já lá vivi alguns anos, embora nas ilhas de baixo e não no Japão, e volto habitualmente todos os anos, sei a que se refere.

No entanto, este comentário seria - e é - sobre a fotografia que acompanhava a notícia sobre a Jacinto Cândido no Público. Ficou surpreso? Eu não. Infelizmente. Os jornais, as rádios, as televisões e quejandos são muito desleixados com certos - muitos - temas. Ainda há dias e no mesmo jornal, a propósito de determinada ave, se referiam várias zonas: Ria Formosa, Ria de Faro... E já não menciono os erros gramaticais que amiúde aparecem. Já não há revisores? Ou são filhos da mesma escola?

Cumprimentos,
Orlando Leitão

pol disse...

Caro João,

eu - jornalista com mais pudores de rigor do que de rapidez saloia - percebo perfeitamente o que diz.

Quantas vezes já não ouvi eu dizer "peça boa é a que entra a horas" (ou qualquer coisa assim). Isto explica muita coisa.

Um. quando há preocupação "se chega a horas", começa a haver um problema, quanto mais não seja o da gestão de tempo. Dois. quando o critério-rei é a validação porque chegou atempadamente ao alinhamento, a sujeição ao "... afirmam que há medida que..." só tem uma consequência: este jornal até seria bom, mas enganou-me uma vez, num assunto que eu domino (as coisas do Português); quantas vezes não me enganará nos assuntos que não domino? Isto leva de forma quase natural a uma insanável quebra de confiança. E sabemos bem como se evita aquilo em que não se confia.

um abraço