Ostras
Esta imagem foi tudo o que pude recuperar da embalagem, já no lixo, de um almoço recente, de ostras, coisa deliciosa. São uma das minhas perdições e a minha mulher, ao fazer compras, bem conhece os meus pontos fracos.
Simplesmente, é compra bem rara aqui para os meus lados. Habituei-me a elas, quando podia, vindas bem frescas de Bouzigues, quando vivi em Toulouse. Depois, cá, do Tejo e do Sado, bem boas que eram, as famosas "ostras portuguesas". Há dias, escrevendo a um amigo morador fanático da beira-Tejo, na outra banda, desafiando-o a trazer-me ostras, respondeu-me o seguinte.
"Tem a sua ironia eu morar a 200 metros da ÚNICA estação depuradora de ostras que este país tem, que está inactiva e em ruínas há seiscentos mil anos [JVC - esta não percebo, o meu amigo que explique], et pour cause o Estado vendeu-a em hasta pública a uma empresa que fará magníficas vivendas em condomínio privado."
Pela imagem, as ostras portuguesas foram para outras paragens. As que comi, vieram de Vila Praia de Âncora, muito boas. Como não podia ser, a mais simples das confecções. Espalhadas sobre o tabuleiro do forno, já a 210º, para abrirem rapidamente sem emborracharem. Não esperei que abrissem, apenas reparei quando é que já havia uma fresta para meter a faca. Um pouco de manteiga açoriana derretida e limpa do fundo, sumo de limão a gosto, um toque de pimenta. Claro que isto foi porque tive de respeitar o gosto da minha mulher, que se horroriza com o meu prazer de comer ostras cruas, bem como lapas. Mas insisto, cruas, que delícia!
Teria ido por um champanhe ou por um Alvarinho (já que as ostras eram minhotas), mas tinha no frigorífico um bom Sauternes. Não é vinho que aprecie muito, por causa do adocicado, mas ligou bem.
"Para dorar una cebolla o servir y degustar unos macarrrones hace falta filosofia." (Santi Santamaria)
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