29 junho, 2007

Sobre a educação superior (I)

1. Este blogue tem três facetas bem distintas, a educação superior, a política e as questões sociais, a gastronomia. Para facilidade dos leitores, vou identificar bem no título as entradas dedicadas a temas específicos da educação superior (reparem que nunca escrevo ensino superior!). Mas, afinal, não é tema que interessa a toda a gente?

2. Saldanha Sanches é professor de direito, passa por ser um bom especialista em direito fiscal e concorreu agora à agregação, tendo chumbado. Claro que não posso falar dos méritos da questão, mas só lembrar que o seu azar foi ter antecipado por um pouco a apresentação às provas. Ainda foi sujeito ao incrível sistema de votação secreta por bolas brancas e pretas. Há algumas semanas, saiu um novo decreto que não muda muito no regime de agregação mas que, ao menos, altera esta disposição, para votação nominal justificada. Fui membro de vários júris e sempre fiz gala (nada o proibia) de me dirigir para a urna com as mãos bem abertas, mostrando onde estava a bola que ia depositar.

3. Ando a ser desafiado a subscrever petições de protesto contra a proposta de lei do regime jurídico das instituições de ensino superior. Não gosto da proposta e já a critiquei severamente, aqui e aqui. Mas muito menos gosto de as minhas criticas "à esquerda" irem fortalecer as criticas "à direita". Das duas petições que andam por aí, uma é -me inaceitável, na generalidade. A outra, a que tem origem em Coimbra, até mereceria o meu apoio, não fosse a defesa intransigente da eleição do reitor, contra a proposta de escolha do reitor por um conselho restrito, com maioria de professores mas com participação de pelo menos 30% de personalidades exteriores à universidade. Essa posição dos reitores e dos peticionários traduz os bem conhecidos jogos de traficância de voto na eleição do reitor, com destaque para o papel das associações de estudantes. Além disso, é posição que merecerá risos por toda a Europa universitária.

4. Quem estiver interessado em algum aprofundamento desta questão, pode ler "Novamente a proposta de lei do RJIES" e "Discordando de Vital Moreira (II)".

2 comentários:

Anónimo disse...

O problema é que adesmedida falta de senso da discussão política vai-me esgotando. Sempre que penso em argumentar sobre qualquer coisa, a estupidez que tenho pela frente é de tal ordem, que me sinto como se tivesse de dar a volta ao mundo a pé. E sempre com a sensação de que quando acabar essa volta, em vez de ter merecido a atenção de quem ouvia, ouvirei apenas os mesmos argumentos absurdos, como se as palavras tivessem perdido todo o significado.

Anónimo disse...

E este problema é transversal. Não tem cor política.