São esquisitos, os escandinavos e seus parentes! Quando nós já tínhamos os códigos romanos, o municipalismo, as ordens de cavalaria, milagres de Ourique, os gajos ainda eram piratas a aterrorizar e pilhar as aldeias do Mar do Norte. E continuamos a disfarçar e a assobiar para o lado, dizendo que são tristes e frios, suicidam-se, embebedam-se a cair, divorciam-se como quem bebe uma coca-cola, acreditam em realezas.
Tenho estado a estudar a legislação da educação superior dos países europeus signatários de Bolonha (incluindo a Santa Sé...). Dei por uma coisa bem interessante. A lei norueguesa ocupa dez das suas 34 páginas com o código dos estudantes, os seus direitos e deveres, tudo levado a grande pormenorização (até os direitos das estudantes mães, mas também a penalização da cabulice!), enquanto que as disposições sobre a governação se ficam por seis páginas por coisas gerais, apenas enquadradoras daquilo que cada universidade tem de definir nos seus estatutos.
Compare-se com a nossa proposta de lei. Esta visão norueguesa é a da vida real de uma instituição, naquilo que, eticamente, por exemplo, é essencial, porque os valores são muito mais importantes do que os procedimentos. A nossa lei é um exercício pobre de juristas.
Enfim, são culturas e não podemos compararmo-nos aos noruegueses de um pé para a mão. Já agora, uma coisa que, nessa lei, "me faz espécie", como se diz na minha terra: os amplos poderes do rei para intervenção no sistema universitário. Sou tentado a pensar que isto significa a grande importância estratégica nacional, suprapartidária, que os noruegueses atribuem à educação superior. Não acredito que seja uma visão absolutista dos poderes reais.
15 junho, 2007
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1 comentário:
Mas se calhar até é. Visitei a Noruega em 1999 e nunca tinha encontado, em qualquer parte do mundo (e são bastantes as que já conheço), tanta casca grossa e tanto desprezo pelos estrangeiros. Voltar à Noruega, só se for obrigado por afazeres profissionais.
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