08 junho, 2007

O que é a GNR?

Este pequeno apontamento de caserna pode não dizer nada à maioria dos meus leitores civilistas. Há um movimento a favor de que o comandante geral da GNR seja graduado em general de quatro estrelas. Isto significa a sua equiparação simbólica com os três chefes de estado maior dos ramos, da Armada, do Exército e da Força Aérea.

Na mesma onda, declarou há dias o ministro que a GNR é uma força militar. Isto preocupa-me.

A meu ver e de muita gente, incluindo um amigo meu oficial da GNR, ela não é um ramo das forças armadas, embora também não seja uma simples policia, no âmbito da segurança interna, civilista. É uma força militarizada, conceito um pouco ambíguo, mas de discussão muito importante, na medida em que é a GNR que garante a segurança na maioria do nosso território. A GNR, embora mantendo a sua reserva de missão de uma defesa militar do território (cada vez mais importante, quanto o Exército deixa de a ter, mas também cada vez mais improvável face aos "perigos" de invasão espanhola), é fundamentalmente uma força de segurança pública. E a cultura da segurança pública (diga-se polícia) é radicalmente diferente da cultura de uma força armada.

Para a cultura militar, a melhor defesa é o ataque. Para uma polícia, o melhor ataque é a defesa. Dito mais directamente: é uma estupidez um exército usar munições de borracha em vez das letais, e é um perigo social uma polícia usar munições reais sem esgotar a possibilidade do uso das de borracha.

3 comentários:

Anónimo disse...

Há, de facto, um conjunto de fenómenos que me fazem lembrar a degradação social de há um século atrás. Com todas as consequências disso.

Vamos ver o que acontece em Outubro!...

Anónimo disse...

E em Fevereiro do próximo ano.

Há que ouvir o que diz o papagaio real, sobre quem passa...

JVC disse...

Um leitor chamou-me a atenção para um aspecto importante. Parece que, de facto, o governo se prepara para transformar a GNR num quarto ramo das FA, mas subornidado, como actualmente, ao Min. Administração Interna e não ao da Defesa, mais importante, fora do comando supremo exercido pelo Presidente da República.

Lembram-se da discordância entre Sampaio e Barroso sobre o envio de tropas para o Iraque, que o governo resolveu recorrendo à GNR?

Respondendo também a esse amigo, também eu começo a estar preocupado com a "musculação" deste governo. Como tenho intitulado algumas notas, a democracia está triste.

Finalmente, anoto que me parece haver algum alheamento da maioria das pesoas em relação a estas questões de tropa. Fazem muito mal! Tivemos um 25 de Abril mas também tivemos um 28 de Maio, fora todos os golpes militares do séc. XIX, saldanhadas e outras, e o golpe de Sidónio.