Da leitura de hoje do jornal.
1. Recordando-me o que aqui disse há algum tempo, escreve Adam Michnik, personagem histórica que merece o maior respeito intelectual e ético, ex-dirigente do Solidariedade: "Actualmente a Polónia é governada por uma coligação de revanchistas pós-Solidariedade, rufiões pós-comunistas provincianos, os herdeiros dos chauvinistas de antes da Segunda Guerra Mundial, grupos xenófobos e anti-semitas e ainda o meio da Rádio Maryja, os porta-vozes do fundamentalismo etno-clerical." Mas está na UE, enquanto que a Turquia, com a sua tradição republicana e laica, ficará de fora, por mais que desempenhe um papel crucial no diálogo cultural (religioso, inclusive) de uma Europa alargada.
2. Vale a pena atentar também noutra passagem: "A revolução polaca trouxe direitos cívicos juntamente com um aumento de criminalidade, uma economia de mercado e ao mesmo tempo a falência de empresas e um elevado desemprego, a formação de uma classe média dinâmica e simultaneamente uma crescente desigualdade de rendimento. (...) No mundo-prisão do comunismo, uma pessoa era propriedade do Estado, mas este zelava pela sua existência. No mundo da liberdade, ninguém proporciona esses cuidados. É neste ambiente de ansiedade que a actual coligação governa, combinando as panaceias conservadoras de George W. Bush com as práticas centralizadoras de Vladimir Putin."
3. O príncipe Harry de Inglaterra, talvez um pobre pateta que até se mascara de Hitler, tem vocação militar, mas, como príncipe que é, ainda vive nas brumas vitorianas da antepassada. Claro que militar que se preze quer ir para o combate e muita velhinha estilo Marples ou bigodudo medalhado deve ter comentado isto com grande orgulho, à hora do chá. Mas que coisa magnífica para o terrorismo internacional seria capturar o tenente Windsor num arrabalde de Bassorá? E que risco para os pobres dos camaradas de companhia, sem culpa nenhuma de ele ser troféu de caça? Como é que os britânicos ainda vão nestas monarquices? Diz-me um amigo cínico que é uma enorme fonte de receitas turísticas, mesmo que se tenha de aturar tampax camiliano.
4. Os hospitais que não fizerem abortos, segundo a nova lei, por objecção de consciência ficam obrigados a encaminhar as grávidas para outro hospital e pagar a despesa. Ora aqui está uma decisão de grande esperteza. Uso o termo sem sentido pejorativo, muito pelo contrário.
5. Faz hoje anos José Lello. Bem gostaria de ler o postal de parabéns que Ana Gomes lhe deve ter enviado.
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