26 maio, 2007

Democracia triste (II)

Estou politicamente longe de Constança Cunha e Sá, mas não enjeito totalmente (ressalvadas algumas nuances) o que ela escreveu na sua coluna do Público, em 24.5.2007. Vem ao encontro daquilo a que chamei há dias democracia triste.
"O desaparecimento do PS, a fragilidade da oposição, a ausência de fiscalização parlamentar, a indiferença do Presidente da Republica e a complacência de todos os que dependem do Governo transformaram a vida política num circo de abusos e de arbitrariedades que a propaganda disfarça e o consenso que invariavelmente se gera à volta do poder tem o condão de abafar.

Só assim se compreende a falta de pudor de uma governadora civil que, depois de ser desautorizada pelo Tribunal Constitucional, decide zarpar, de "consciência tranquila", para a candidatura do dr. António Costa. Ou o convite para integrar o Governo feito pelo primeiro-ministro a um juiz do Tribunal Constitucional que a Assembleia da Republica tinha eleito há dois meses para um mandato de nove anos. Ou a vontade expressa do ministro dos Assuntos Parlamentares de acabar com aquilo a que ele chama "jornalismo de sarjeta". Ou o estatuto dos jornalistas que está, neste momento, em preparação. Ou a junção das polícias sob a tutela do mesmo ministro. Ou a colocação dos serviços de informação na dependência directa do primeiro-ministro. Ou as reconhecidas pressões do Governo junto da comunicação social."
P. S. (13:11) - Acabado de ler o jornal, recomendo a crónica de hoje no Público (indisponível online) de São José Almeida, "Intimidação". Vai no mesmo sentido.

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