O reitor da U. Católica, Braga da Cruz, protesta contra o conselho geral não ser presidido pelo reitor. Desconhece, aparentemente, os princípios básicos da teoria das organizações. O conselho geral é o órgão que nomeia e exonera o reitor. Logo, nunca pode ser presidido pelo reitor!
Isto leva-me a levantar um pouco, só o que posso fazer neste momento super-atarefado, a questão da possibilidade de "conflitualidade criativa" entre o presidente do conselho geral e o reitor. Quem conhece bem o que são as relações, em Inglaterra, entre o "chancellor" (presidente do conselho geral) e o "vice-chancellor" (reitor), não precisará de ler mais nada.
Para dar um exemplo concreto, quem é o "chancellor" de Oxford? Lord Chris Patten, o último governador de Hong Kong, depois comissário europeu. E nem falo de Cambridge, para não me dizerem que é só honorário, porque é, nem mais nem menos, do que o Duque de Edimburgo. O que é isto de "chancellor"? Nenhum poder legal, apenas uma grande magistratura de influência, o poder objectivo de resolver conflitos internos. Também o dever de exercer ao máximo a sua posição política e social em favor da universidade, sem esquecer uma coisa muito importante, o "fund raising".
E não é preciso pensar-se em grandes poderes formais e escritos. Imagine-se só o que é o "chancellor" conseguir que o "board" rejeite a proposta de orçamento proposta pelo "vice-chancellor". Um deles tem de se demitir. Qual?
A propósito da proposta de lei em discussão, vem-me à cabeça muita coisa de dúvida sobre um eventual desajustamento entre aspectos positivos da proposta e a nossa cultura, a começar pelas participação essencial de membros externos na governação das universidades. Mas com que filosofia? Fico espantado ao ler coisas que apontam para que estes membros são uma espécie de abutres privatizadores da universidade. Quem escreve isto não faz a mínima ideia do que é a exigentíssima ética de pertença a um "board" americano. Os americanos são uns cóbois do capitalismo selvagem, com a cultura do Colt 45? Não nego, mas sempre a terem de cumprir um código ético, puritano, dos "pilgrims", que nos é totalmente desconhecido. Muito mais próximo, deste lado do Atlântico, quem escreve o que eu estava a dizer também desconhece o que é a moderna experiência de "gestão partilhada" da maioria das universidades europeias.
É por isto que, aparentemente ao contrário do que eu estava a dizer, o argumento cultural não é relevante. Mostra-o a experiência europeia recente.
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