Entrada de PJ
Um dia, o meu mais velho, que na altura teria uns 4 ou 5 anos, perguntou-me de chofre: “Pai, por que é que nós morremos?”
Inspirei fundo, tentando pensar numa resposta para lhe dar. Todavia, antes que eu tivesse tido tempo para lhe responder ele perguntou de novo: “Por que é que existimos? Por que é que tudo existe?”
Olhei-o nos olhos e respondi-lhe: ”Não sei. Mas estou muito orgulhoso em teres colocado essas perguntas. São as mais importantes que uma pessoa pode fazer.” Ele pareceu ter ficado satisfeito com a minha resposta e afastou-se.
Posteriormente lembrei-me de uma passagem de Milan Kundera em A Insustentável Leveza do Ser: “ (…) as perguntas verdadeiramente importantes são as que uma criança pode formular – e apenas essas. Só as perguntas mais ingénuas são realmente perguntas importantes. São as interrogações para as quais não há resposta. Uma pergunta para a qual não há resposta é um obstáculo para lá do qual não se pode passar. Ou, por outras palavras: são precisamente as perguntas para as quais não há resposta que marcam os limites das possibilidades humanas e traçam as fronteiras da nossa existência.”
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1 comentário:
Talvez por pura ingenuidade, talvez por arrogância, as dúvidas que me assaltaram pelos nove anos são ainda - aos 37 - as que me obrigam o cérebro a espernear e a correr-me pelas entranhas. O que me faz pensar, tantas vezes, que ainda não fiz nada. O que, às vezes, como disse Philip Larkin, "is intensely sad".
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