06 janeiro, 2007

Um caso trivial

Há casos triviais, pequenas histórias quase sem significado, a não ser para os envolvidos, que, por vezes, fazem pensar. Segundo notícia de hoje no Público, uma família começou a preparar os funerais da mãe idosa, falecida num hospital. Filhos emigrantes em França já se tinham posto à estrada, quando tudo ficou em suspenso por suspeita de um agente funerário de que podia haver erro. Infeliz coincidência, duas doentes com nomes muito parecidos.

Louvavelmente, o hospital quer apurar responsabilidades, saber quem e como prestou a informação à família, se a culpa não terá sido de má identificação facultada pela família, ao indagar. Não consegue, a família recusa o contacto.

É aqui que o caso dá que pensar. Segundo um familiar, "a gente nunca sabe quando vai voltar a precisar deles". E, como a mãe, felizmente, ainda está viva, adianta "quem é pobre nunca tem razão, sei lá se ainda se vingam nela. Pobre tem de comer e calar".

A minha reacção imediata foi interrogar-me: Como é que ainda se pode pensar assim no Portugal de hoje? Como é que se pode sentir assim tanto medo, tanta desprotecção? Como é que se pode automutilar tanto a cidadania? Mas, depois, reflecti. É mesmo totalmente incompreensível que se pense e se sinta assim?

2 comentários:

Anónimo disse...

O problema - o grande problema - é que há muitas circunstâncias que levam a que se pense assim. Especialmente em tudo o que meta hospitais e doenças.

Anónimo disse...

Concordo com Henrique. Coitado de quem não tem dinheiro nem influências no meio hospitalar...
Só quem passa por lá.
António