Entendamo-nos, o título diz tudo. Todos os dias, o Público traz quatro respostas de rua a uma questão, que hoje foi "considera-se esclarecido pela campanha do referendo do aborto?"
Estatisticamente, não significa nada, mas pode dar pistas para reflexão. A resposta hoje foi unânime, sim, e não me surpreende. É assunto que já está bem arreigado na colecçção de valores de cada um, não há campanha que dê grande volta a isto. Pode é dar dinheiro a ganhar a uns chineses que vão vender uns lindos bonequinhos de fetos de dez semanas.
Vou mais longe. Chego a pensar que esta campanha é um acto de violência. Estamos a lidar, no caminho para que nos arrastam os defensores do não, com uma acção prosélita de "evangelização". Uma questão jurídica e política transforma-se num princípio filosófico e religioso, a evocar chamas infernais, como se o meu estimado Sr. José que me vende o jornal tivesse alguma noção da metafísica para além do chocolate que gosta de vender, sempre são uns euritos.
Mas depois da metafísica do chocolate vem a do tabaco (já deixei de fumar), depois a bomba da gasolina, depois o contributo da minha respiração para o aquecimento global, depois a vergonha do meu filho que tem dois quilos de peso a mais, depois eu não gostar de futebol, depois o quê? Orwell?
Vou pelas tais quatro respostas. As pessoas sabem bem em que vão votar, está-lhes no fundo da consciência. O resultado não serei, veremos.
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