31 outubro, 2007

Revisão do Desporto de Reis 1

Resolvi recapitular e pormenorizar o meu pensamento, comentários e metáforas e ainda acrescentar alguns pormenores adicionais ao meu "post" de 27/10/2007 intitulado: "Desporto de reis", porque alguns dos meus caros e raros leitores expressaram-me dúvidas.

Tudo para mim começou, quando li na página do MCTES, o seguinte anúncio: "Lisbon Research and Policy Workshops: as instituições de ensino superior politécnico no contexto europeu. 15 - 16 Outubro 2007"; com o desenvolvimento que encontram aqui, e um texto de base que se intitula "Revisiting polytechnic and vocational education?...Looking at the complex nature of diversified higher education systems and their relation with new challenges in science, technology and social change " este. Pela leitura deste ´ltimo documento depreende-se que no referido Workshop, supostamente, se reflectiriam as seguintes questões:

1) What implications at a national level of a binary system between universities and polytechnics?
2) Are the identities, tasks and challenges defined differently for universities and polytechnics? 3) How to identify labour market needs and how to provide the necessary skills, qualifications and technical know-how?
4) Are non-university tertiary education institutions more regionally specific institutions and consequently in a better capacity to detect the needs of local industry and promote local and regional clusters of innovation?
5) Overall, one may question if we can rely in polytechnic and vocational education to enlarge the knowledge base and train the labour force, while the university system focus on research and the diffusion of new knowledge?
6) What is the role of the polytechnics in promoting social opportunities?
7) How to ensure that polytechnics are not viewed as a second choice for those who do not get into a university of for those with less economic means?
8) Are polytechnics prepared to meet these strategic challenges?
9) Are polytechnics equipped to undertake strategic planning exercises, to assess internal strengths and weaknesses, to define their mission, market niche and medium-term development objectives along with plans to achieve them?

Comentário:
Considero extraordinário, que menos de um mês depois da Lei 52/2007 - a tal do Regime jurídico das instituições de ensino superior (RJIES) - ter entrado em vigor e de 2 meses depois da mesma ter sido aprovada, pelos Deputados do PS, sem que os deputados de todos os outros partidos tivessem feito essas mesmas perguntas na Assembleia da República - apesar das profusas sessões de esclarecimento e de discussão pública - alguém ainda venha a expressar, por escrito, num documento, com acesso internacional, como assuntos de reflexão do Workshop, dúvidas desta natureza, e com a cara mais lavada deste mundo?
Mais estranho é ainda a reflexão sobre as táticas que se pretendem seguir:
"Design and implementation of joint degree programmes (mainly first Bologna cycle);
Student exchange and implementation of joint international projects for students, involving local companies in different countries/regions;
Faculty exchange for joint curriculum development (mainly “short” and first Bologna cycles, including post-secondary education) and the design of teaching and learning methodologies;
Planning and implementation of joint projects with local companies and other social and economic actors in different countries/regions, in a way to allow the integration of faculty and students in joint and international applied research activities with local relevance; "

Honestamente, espero que o Senhor Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, tivesse esclarecido logo os convidados presentes no Workshop, de vários aspectos:
1 - respostas prontas a todas a perguntas anteriormente mencionadas, e ainda que
2 - no contexto europeu, são as pequenas e médias empresas o motor da economia, que mobiliza 57% do volume de negócios: "Small and medium-sized enterprises – in principle firms with fewer than 250 employees, with annual turnover of less than €50 million, and independent of larger enterprises – make up the backbone of the European economy. Across the EU, there are around 23 million SMEs; that is 99% of all enterprises. And SMEs account for about 75 million jobs. And in some key industries, such as textiles, construction and furniture-making, they account for as much as 80% of all jobs". Situação esta que, definitivamente, parece favorecer a opção por formações politécnicas, digo eu, pelo menos.
3 - Que muitas das tácticas enunciadas já foram testadas e implementadas em algumas instituições politécnicas, há meia dúzia de anos.

Caso o Senhor Secretário de Estado, antes do início dos trabalhos, não tenha tido o cuidado de esclarecer os convidados presentes sobre estes três pontos, francamente, não sei exactamente o que pense, mas o que quer que possa pensar diante das questões que se pretendiam debater e as tácticas a implementar, e a inoportunidade de o fazer, não pode resultar nada abonatório para ninguém, mas muito menos para os nossos decisores políticos da Ciência Tecnologia e Ensino Superior.

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