Apocalypse now, Pelotão, Nascido para matar, Nascido em 4 de Julho, Jardins de pedra, O caçador, etc. Os americanos, pelo seu cinema, ajustaram contas com o seu passado, as suas culpas. Isto fora imensa literatura, memórias escritas, reedição de reportagens da época. Nós, portugueses, em relação à guerra colonial, quase nada. Sempre pensei que podia haver dois factores principais a justificar um pouco isto. Em primeiro lugar, a contradição de o fim da guerra, com Abril, se dever aos que, objectivamente a tinham feito. Era uma situação desconfortável. Wiriamu? Quem foi o responsável? E tantas coisas mais. Depois, a necessidade de inserir pacificamente os milhares de retornados, sem causar traumatismos que prejudicassem tão difícil tarefa.
Mas já é tempo. Os meus filhos mais velhos, que até viveram em Angola durante a guerra, não têm nenhuma memória disso a transmitir aos meus netos já crescidinhos e curiosos. Depois, é preciso ajudar pela catarse, se é possível, os que ainda hoje acordam em pesadelos (e ainda há dias ouvi um). Também compreender que ir à guerra podia ser um acto de coragem, se para combater a guerra lá no seu coração.
Por tudo isto, não perderei nenhum dos nove episódios anunciados de “Guerra”, a série televisiva que se estreia na próxima terça-feira, 16, na RTP. Ainda por cima, com o selo de garantia da autoria de Joaquim Furtado. Julgo que se justifica plenamente o tradicional “A NÃO PERDER!”. E, se por acaso tiverem a sorte de estar nessas condições, convidem para a ver juntos um amigo que tenha estado na chana, do outro lado.
(Editado)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Os amigos do outro lado da chana dificilmente contestarão pois que continuam preocupados com a guerra que não terminou.
E ainda não alcançaram o nosso estágio de nostalgia.
Enviar um comentário