No âmbito da presidência portuguesa da UE, houve há dias uma reunião de balanço do Erasmus. Os ministros acabaram por reconhecer o que eu já escrevi, que o Erasmus está a funcionar de forma elitista, acentuando o fosso de oportunidades entre ricos e pobres. Lamento profundamente porque, tendo sido pai de um “erásmico”, continuo a dizer que é das melhores ideias que a Comissão Europeia já teve. Os nossos jovens, a começarem a ser cidadãos europeus, só o sentem se passarem além fronteiras.
Simplesmente, ou se quer de facto um verdadeiro programa inclusivo de mobilidade estudantil ou não se pode ficar por este arremedo. As bolsas não dão para nada e, por isto, o grande sucesso de acolhimento é dos países ex-comunistas. As bolsas são pagas meses depois de o estudante regressar a penates. As universidades, para aumentarem o seu “score” de estudantes enviados para o estrangeiro, dividem por dois estudantes cada bolsa.
No meu caso, quase posso dizer que o meu filho não teria precisado nada do Erasmus, do ponto de vista financeiro, para ter tido a excelente e inesquecível experiência que teve. Quando finalmente veio a bolsa, era coisa tão ridícula que ficou para ele, para um projecto de investimento pessoal muito interessante (isto sim, beneficiou ele do Erasmus, aprendeu com o curso de empreendedorismo de Stanford/Estocolmo, o que são projectos pessoais de investimento).
Estou a falar do que sei por experiência própria. Mas isto faz-me lembrar o que tantas vezes penso na leitura do jornal: “se isto é tão grande galegada em assunto que domino, não será que estou também a engoli-las no que não domino”? Na política da educação superior, ainda vou sabendo alguma coisa. No entanto, como não sei de todos os seus aspectos o mesmo que sei de experiência vivida sobre o Erasmus, não será como os jornais?
08 outubro, 2007
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3 comentários:
Só não concordo com a «Galegada».
É que eu, sou Galego do Sul, assumido.
1 abraço
Imagino que cada caso seja um caso. Beneficiei de uma bolsa ERASMUS quando estudava na UNL e devo dizer que o dinheiro foi transferido a tempo e que a quantia da bolsa servia para cobrir a diferença de custo de vida entre Lisboa e Escócia (o meu destino). Sei de casos em que não funcinaram tão bem mas parece-me que o sucesso ou insucesso deste programa tem muito a ver com a eficácia com que universidades gerem o processo.
Creio que tens razão, Miguel. O meu filho, com a sua experiência vivida, concorda, diz que encontrou por lá variadas situações de estudantes portugueses
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