05 outubro, 2007

Literacia ou proficiência? - parte 2

Quando, em Portugal, oiço falar de competitividade global e da importância da estrutura educativa no desenvolvimento do país, lembro-me logo de uma data de coisas:
1ª - Imagino um tabuleiro de xadrez, no qual um dos competidores, nós, lhe são intencionalmente suprimidas, pelos maiores responsáveis, peças muito importantes, logo no início do jogo, refiro-me a todos os piões.
É por isto que as empresas e empresários (entre nós, a maioria constituída por pequenas e micro-empresas) se queixam, de não terem oportunidade de seleccionar colaboradores com formações ajustadas às suas necessidades.
2ª - Não me digam, nem digam a ninguém, nada, mas também a nossa educação, a todos os níveis, me lembra algumas das aprendizagens das mais radicais, em madrassas, nas quais, os alunos de religião islâmica, iniciando-se por volta dos 8 anos de idade, durante 2 nos e meio, apenas lhes é permitido memorizar o Corão, sem jamais compreenderem uma linha do que verbalizam em ladainha ( Hifz ) para, após prestação, com sucesso, de uma série de provas absurdamente, complexas, poderem então iniciar-se na interpretação do Corão (Tafsir) e na Lógica e na Lei Islâmica, durante 8 e mais anos seguintes.
3ª - As formações e docentes que, durante mais de 30 anos, fazemos gala em proporcionar aos nossos jovens cidadãos e residentes são a(o)s de preparação directa para Caciques e de Presidentes de Conselhos de Administração, para um país paradisíaco, hipoteticamente, desprovido de índios e de operariado especializado.
4ª - Lembro-me com muito carinho de duas pessoas - o António e o Zé Manel - ambos jardineiros, separados por 3 gerações, o primeiro de uma sabedoria, calma, paciência e educação infinitas, e o segundo de uma perspicácia imbatível, quer na forma como recruta e gere o pessoal com que trabalha, adquire e mantém o vasto e especializadíssimo equipamento que utiliza com presteza mas, sobretudo, a percepção como redige e propõe os contratos de prestação de serviços, sob os quais se rege, e acreditem-me, regiamente.
5ª - A forma como vejo a articulação das formações, de nível superior, que me pareceriam importantes, para Portugal sair da arapuca em que se meteu, estão sintetizadas no esquema seguinte (clique na imagem para poder ver melhor a informação) que adaptei de (ver aqui):
TECHNICALLY SPEAKING. WHY ALL AMERICANS NEED TO KNOW MORE ABOUT TECHNOLOGY. Committee on Technological Literacy. National Academy of Engineering. National Research Council. Greg Pearson and A. Thomas Young, Editors. NATIONAL ACADEMY PRESS. Washington, D.C.

Em que:
A - Formações pós secundárias não conferentes de grau - Cursos de Especialização Tecnológica. Com numerosos formandos.
B - Formações superiores de curta duração - 1º ciclo de Bolonha. Com número intermédio de formandos.
C - Formações superiores de longa duração - 2º ciclo de Bolonha. Com menor número de formandos.

É por isso que faço questão de, pelo menos para mim, distinguir Literacia e Proficiência.
Estarei errada?
Penso que não!
Mas se entenderem que estou fora do contexto, importam-se de me esclarecer?
OBRIGADA!

(continua)

2 comentários:

Alexandre Sousa disse...

Como diria um amigo comum:
- Não estou a perder pitada!

Quero mais. Quente ou frio, dissolvido em água ou em leite de cabra - soja não -

Regina Nabais disse...

Obrigada, pela fezada que está a colocar nas minhas congeminações, vou tentar não me baratinar mais do que a conta, mas conto com ajudas...