Podem crer, nesse dia, fiquei em comoção até às lágrimas - isto seria uma honra para o subsistema, fora a perspectiva, mesmo que remota, de esclarecimentos. Claro que, a minha eminente choradeira não passou de um meio soluço, quando vi a lista de participantes - estavam efectivamente representadas instituições politécnicas de 5 ou 6 países e também Portugal. Só que, Portugal estava representado, não por uma instituição politécnica, e sim por um centro de investigação - CIPES - Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior - e, inevitavelmente, uma comedida apresentação em "powerpoint".
Perguntam-me os meus caros e raros leitores se "acho" mal essa representação?
Claro que não, de forma nenhuma- até porque, do que me recordo do trabalho mencionado, faltava-lhe, a meu ver, só a alma - era uma modesta compilação estatística e mais uma meia dúzia das pequenas, de verdades de La Palisse.
Ontem lembrei-me do desconforto que senti nesse dia e que se prolongou por mais de uma semana, porque alguém me perguntou, à queima roupa, que comentários faria à investigação no (subsistema) politécnico, e eu emudeci!
Mais de 24 horas depois teria respondido:
"A Investigação num politécnico português, é como querer participar no Grand National, só com umas quantas pilecas lazarentas, coxas e anãs, "jokeys peso-deveras pesados", e com os donos de quase todos os Haras tão "excessivamente distraídos" que não conseguem enxergar as diferenças de requisitos necessários."
2 comentários:
Caríssima Regina,
Primeiro, registo de interesses: fui convidado, aceitei, estive presente e valeu a pena;
Segundo, segundo o MCTES «a série “Lisbon Research and Policy Workshops” propõe um conjunto de workshops de investigação sobre políticas públicas em Ciência, Tecnologia e Mudança Social que têm como objectivo contribuir para aprofundar os conhecimentos sobre tópicos específicos que habitualmente confrontam os decisores políticos e que requerem muitas vezes ligações interdisciplinares nas interacções entre a Ciência, a Tecnologia e a Sociedade, assim como entre as políticas de Ensino Superior e o contexto socio-económico que determina a inovação.» Retenho a parte dos “decisores políticos”, pois, esta iniciativa, mostra que alguns governantes não são autistas como se diz. O caso concreto do Secretário de Estado do MCTES, Professor Manuel Heitor, é disso um exemplo. Esteve sempre presente, ouviu, questionou, opinou, etc. Participou activamente, sem instrumentalizar ou só ouvir o que lhe interessava;
Terceiro, o CIPES tem muita gente do politécnico. O Brites Ferreira (ESE Leiria) esteve presente e foi responsável pela apresentação. Como sabe, defendo que os centros de investigações adquiram dimensão critica, que passa pela sua transversalidade, incluindo investigadores das universidades, politécnicos e comunidade;
Quarto, lamento que algumas figuras dos institutos politécnicos não tivessem estado presentes, apesar de terem sido convidados (estavam na lista de participantes), com certeza que teriam enriquecido o debate. No entanto, os que estiveram proporcionam um excelente momento de reflexão;
Quinto, um ponto interessantíssimo foi, precisamente, a investigação nos politécnicos;
Sexto, devia de haver mais coisas destas.
Um abraço, deste seu admirador.
J. Orvalho
Obrigada Caríssimo João Orvalho. Foi muito bom ter esclarecido este tema mas, para mim, ainda não muito bem; eu explico:
1º - Se o tema se trata de uma questão estratégica - e parece ser - a resolução de assuntos estratégicos tem TÉCNICAS CONSOLIDADAS. Estratégias espontâneas têm muito mais inconvenientes do que vantagens - uma das premissas técnicas de um Estratégia que mereça esse nome, é que todos os interessados, quem quer que sejam, precisam de ser envolvidos, no seu equacionamento.
2º - Há Politécnicos com Centros de Investigação de excelência, estes deveriam de ter sido ouvidos, e não por mero convite dirigido pessoalmente, e sim audição institucional.
3º - Há investigadores dos politécnicos em centros de investigação da universidade, que tiveram avaliações em 2003, de "muito bom" e "excelente", (constituem 40% dos efectivos investigadores - O CISUC, que conhece, é ou era um exemplo em 2006) - estes POLITÉCNICOS de origem(não pessoas avulsas) deviam de ter sido ouvidos, não por convites pessoais e sim institucionais.
4º - O Politécnico de Leiria é um exemplo de politécnico sem nenhum centro de investigação, não tem essa vivência, aliás é um Politécnico em que os seus docentes de investigação têm trabalhado arduamente para os "muito bons" e "excelentes" de centros ligados às Universidades. Ex. o próprio CIPES.
5º - Do CIPES não fazem parte investigadores de Politécnicos com Centros de Investigação, esta realidade, por isso, passa-lhes TOTALMENTE à margem.
6º - Com o devido respeito, o Senhor Professor Manuel Heitor não é o paradigma de docente -investigador do politécnico português, precisaria era de ouvir o que os politécnicos, institucionalmente, têm para dizer, mas desde que seja com conhecimento institucional, e de todos os interessados.
7º - A realidade de um centro de investigação ligado aos politécnicos é, por exemplo, e entre outras coisas, edificantes:
- Docentes com cargas de leccionação de 12 horas de aulas/semana o ano inteiro;
- Docentes que se dispersam por 4 e às vezes 5 Disciplinas por semestre;
- Só 5% do Orçamento da investigação em Centros é direccionada a Centros de Politécnicos,
- Só 8% dos Docentes de Politécnicos trabalham em Centros de Investigação dos Politécnicos.
- Os Docentes que realizam trabalho longe da sua instituição de origem, trabalham em piores condições que os docentes que o realizam próximo ou dentro as suas instituições de origem.
8º - Veja-se como os outros países equacionaram o assunto:
"Entre os oradores convidados encontram-se Ulrich Teichler (University of Kassel, D), Jussi Valimaa (University of Jyvaskyla, FIN), Jon File (CHEPS, U. Twente, NL), Günther Schulz (Lauditz University of Applied Sciences, D), Elsa Hackl (University of Vienna, AU) e Ronan Stéphan (l' Université de Technologie de Compiègne, F).
9º -Fico, apesar de tudo, muito contente que o João Orvalho tenha aceite o convite. No entanto o João Orvalho, é um exemplo de investigador docente que contribui para as (muito boas) classificações de um centro dirigido, exclusivamente, por docentes investigadores universitários, e que por vezes para apresentarem trabalho são pagos extra centro, pelas instituições politécnicas de origem ou, em casos mais graves, como o João Orvalho sabe, realizam e apresentam trabalho às suas próprias custas.
10 - O senhor professor Manuel Heitor devia também não ter perdido o norte quando falou, e escreveu, e não esclareceu, no RJIES sobre a ideia de "investigação orientada", ideia que se prova agora que afinal não tinha, sobre o significado e objectivo da investigação adequada aos politécnicos.
Por isso, na ausência explicita de uma estratégia, com OBJECTIVOS bem definidos, mantenho a minha opinião que as condições e recursos postos à disposição de centros ligados aos docentes das universidades são cavalos árabes, quando comparados com os
calinhos miniatura, que por vezes aparecem muito mal sistematizados para os docentes investigadores dos Politécnicos.
Enviar um comentário