31 agosto, 2007

Nota gastronómica (XXV)

Solipata

Não há profissão que não tenha a sua gíria, muitas vezes bem iniciática. É o caso da minha, a investigação científica, também a culinária. O que é obrigatório é nunca a usar quando estamos a falar com leigos.

Há já bastante tempo, tempo demais para me conseguir lembrar de quem era ele, um chefe dos nossos modernaços publicou num jornal uma receita em que era importante usar a solipata. Tenho pena de já não me lembrar do nome, para escarrapachar aqui a sua estupidez.

Só a minha experiência, ao ver a coisa no contexto, é que me fez perceber o que era, coisa que até uso muito, na moinha colecção de utensílios (in)dispensáveis. Esclarecerei adiante este mistério. Nessa altura, eu e o meu irmão alter ego em gastronomia, discutimos o assunto, com riso. Somos diferentes, ele é um teimoso que não se deixa vencer, vai pesquisar e, nessa altura, chegou à conclusão de que solipata era termo horroroso em cozinha, porque é um dispositivo para colocar entre os dedos dos cães, para não se ferirem.

Agora, meses depois, tendo ficado sempre a trabalhar na coisa, teimoso como ele é, chegou à conclusão. Afinal, é a "tradução" que o tal chefe arranjou para "silpat" ("silicone mat for patisserie"). Confirmou-se o que eu tinha adivinhado, aquilo que uso todas as semanas, o tapete ou esteira ("mat") plástico siliconado que vai ao forno, aguentando altas temperaturas e sem deixar pegar os assados.

Mas solipata?! Grande chefe, tem uma imaginação que vai muito para além da invenção de receitas.

1 comentário:

VeeGee disse...

Fritar plátanos em solipatas com salsa de cilantro. E daqui vêem as minhas malapatas com os livros de receitas.