1. Está a transformar-se em mais outro caso de autoritarismo socrático e de violação do direito de expressão. Até o PR se mostra surpreendido, ele que assobiou para o lado em coisas importantes como a questão da IVG na Madeira. Insisto em que este caso é muito diferente de outros, como o da DREN ou do CS de Vieira do Minho. Diferente também pelo nível da protagonista e pela qualidade das opiniões manifestadas (com as quais até estou em total acordo!), mas não é isto que está em causa.
2. O direito de expressão não é absoluto. Está obviamente condicionado, por exemplo, pelo direito dos outros ao seu bom nome. Se não fosse assim, não haveria processos de difamação. Está condicionado também pelo dever de lealdade institucional. Se, por absurdo, eu vier para os jornais desancar na política da minha universidade, tenho de aceitar um despedimento por justa causa. Melhor, não teria de o aceitar porque já me teria demitido antes.
3. Demitir-se era que se esperava de Dalila Rodrigues, mas não o fez. O M. Cultura definiu uma política para os museus, possivelmente errada (vamos dar o benefício a Dalila Rodrigues). O que é que ela devia fazer? Ou julga que o cargo é seu por direito divino? O que teria todo o direito, ao demitir-se, era o de divulgar as razões do seu pedido de demissão. Também eu o fiz, quando me demiti do meu último cargo.
4. O Público (5.8.2007) traz um panegírico de Dalila Rodrigues assinado por António Filipe Pimentel, director do Instituto de História de Arte da Universidade de Coimbra. Coisa sempre bem perigosa é usar argumentos que não se domina, num contexto porventura correcto. Pode ser tiro no pé, porque nos leva a pensar "se diz tal disparate, não será tudo o resto também disparate?". Um exemplo: "Enquanto não triunfa por completo o desígnio da tutela, como quase aconteceu com o novo regime jurídico das universidades onde só por uma unha negra não se consagrou a nomeação ministerial do mais alto magistrado universitário, (...)". Onde é que foi beber tal tolice? Dispenso bem um ponto percentual de aumento do PIB, em favor de idêntico aumento das médias dos QI e dos QRI (quociente de rigor intelectual), para já na universidade.
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