28 agosto, 2007

O Público, campeão da asneira

Ainda mal eu tinha publicado o artigo em que explico aos menos versados o que são os modelos de governação, e lá vem hoje o Público (sempre ele), em duas páginas de destaque sobre o BCP, atrapalhar o meu esforço. Fiquei tão surpreendido com as asneiras que até pensei porque é que não teriam dado a peça a fazer a jornalistas especializados. Enganei-me. Cristina Ferreira, José Manuel Rocha e Rosa Soares são da secção de economia. A primeira até é grande repórter, seja lá isto o que for. Aqui ficam alguns excertos (itálicos meus).
O grupo dos sete propunha a alteração dos estatutos do actual modelo monista, para um dualista, e eleição de novos órgãos sociais. (...) A guerra em torno do modelo de governação do BCP, que acabou por não ser clarificado na assembleia geral (AG) de ontem, começa com uma proposta de Paulo Teixeira Pinto para que fosse adoptado o sistema monista, actualmente em vigor - conselho de administração (CA) e conselho geral de supervisão (CGS).
(...) propõe a realização de uma AG para alterar os estatutos e assumir o modelo dualista de conselho de administração e comissão executiva, com a supervisão no revisor oficial.

Que confusão, que ignorância! É precisamente o contrário. O BCP, actualmente, tem um modelo dualista e não monista. Isto é, tem dois conselhos, um geral e de supervisão, presidido por Jardim Gonçalves, e um de administação, presidido por Paulo Teixeira Pinto. Só por este modelo dualista é que se pode estar a assistir à luta de poder entre os respectivos presidentes.

A existência apenas de um conselho de administração único, mesmo que com uma composição mista de administradores executivos, actuando individualmente ou em comissão executiva, e de administradores não executivos, define o modelo monista e não o dualista, como escrevem os jornalistas (e logo três). Mas não estão convencidos, escrevem irreflectidamente, porque logo a seguir até dizem coisa relativamente acertada, mas contraditória com os escritos precedentes:

Existem dois modelos distintos, um dualista, que assenta num Conselho de Administração Executivo, só com gestores profissionais, que reporta ao Conselho Geral e de Supervisão, e um outro monista, com um Conselho de Administração, de onde sai uma Comissão Executiva.

Começa a ser altura de considerar a sério a hipótese de extinguir todos os cursos de comunicação social. Os jornais que recrutem os seus jornalistas, conforme as áreas, de entre licenciados em letras, história, economia, ciências. Quantos cursos de "bachellor" em comunicação social conhecem nos EUA? "Master" sim, mas isto já é outra coisa.

P. S. (29.8.2007) - Como dei conhecimento ontem desta entrada ao director do Público, estava à espera de alguma coisa hoje no "Público errou". Nada. Verei amanhã. Se não, quando regressar o provedor.

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