Restaurantes caseiros
O "fedorento" José Diogo Quintela dedica uma sua crónica dominical no Público ao bom critério de escolha de um restaurante. Goza com aquele velho princípio piroso português-de-fato-de-treino-roxo-em-passeio-dominical-no-shopping de que bom restaurante é o de bela comida caseira, a merecer arroto final ou, pelo menos, umas pancadinhas na pança a confortar. Só por isto ainda valer é que consigo explicar que um banalíssimo restaurante meu vizinho esteja sempre a abarrotar. Ainda por cima, é um triste paradoxo. Se o critério é o da comida caseira e as pessoas deliram com restaurantes que a fazem apenas medianamente, a conclusão é de que já não se sabe fazer em casa boa comida caseira.
Como prezo a minha cozinha de amador exigente, há muitos anos que digo que, em regra, só vou a um restaurante de onde saia a pensar que não teria conseguido inventar ou fazer melhor em casa. Dizer isto hoje já é banal, porque, felizmente, estabeleceu-se já uma nova cultura gastronómica, exigente, a querer a maior qualidade de uma cozinha inovadora, de chefe. Infelizmente, isto só se consegue, a alto nível, em restaurantes que não estão ao alcance da bolsa do cidadão comum (no mínimo, 60-75 euros, ou então não vale a pena a experiência, se comer só o prato mais baratinho e só com água).
No entanto, começo a encontrar com frequência alguns restaurantes mais acessíveis (digamos que à volta de 25 €, em média, sem vinho) que, não sendo o Eleven ou o Valle Flor, estão a milhas dos tais restaurante caseiros (ou churrasqueiras, pior ainda) e muitas vezes conseguem surpreender pela originalidade e modernidade das receitas, pela confecção e até pelo profissionalismo do serviço. Creio que é um desafio aos restauradores, estas experiências de preço médio mas com boa relação qualidade-preço. Não me parece arriscado, porque já tenho ido a alguns a abarrotar. Se eu quisesse abrir um restaurante, é por aí que eu ia.
24 agosto, 2007
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