Quantas vezes aqui escrevi este chamamento jocoso, a criticar, até a gozar. Neste momento, com a ternura dos 60, uso exactamente o mesmo termo para lamentar a sua morte, com algum sentido de propriedade dos termos de "gozo". É que nem todos se podem arrogar usá-los, é só para quem merece. O Eduardinho era da minha gente, da minha geração. Estas coisas fazem-me ver que estamos já, os dos/de 60s, a desafiar a lei da morte. Com uma lição. Aproveitemos ao máximo o tempo que ainda temos. Carpe diem!
P. S. (uns minutos depois) - Para ser honesto, devo confessar que a tristeza de ver partir gente da minha geração também tem um pouco a ver com a ideia de que eu possa ser o seguinte. É que eu fui feito por tudo o que era avós no gosto pela vida. Há um pouco mais de um ano, morreu a minha mãe, aos 89. Era fervorosamente religiosa, mas não deixava de dizer "quero ir estar com Deus, mas há tempo para tudo".
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1 comentário:
Quando se diz que o Sporting é um clube das elites, isso também tem muito a ver com o facto de ter adeptos e simpatizantes intelectuais como EPC, sem pejo de assumir que gostam de futebol e que têm um clube. EPC, que cultivava uma atitude aristocrática, não tinha preconceitos pseudo-intelectuais. Era capaz de escrever sobre o “nosso” Sporting e, mesmo assim, ser lido por quem detesta futebol. Porque quando escrevia sobre futebol abordava o fenómeno como uma pessoa normal. Com coração, cabeça e estômago. Também por isso, sendo um homem assumidamente de esquerda, chegando, às vezes, a escrever como se de um “spin doctor” do PS se tratasse, era lido e respeitado em todos os quadrantes políticos. Porque era livre nas suas escolhas, nos seus elogios e nas suas críticas. Desde a fundação do jornal “Público”, em 1990, EPC escrevia diariamente sobre as grandezas e as misérias da cultura, da política e da sociedade portuguesas, a partir dos episódios do quotidiano. Tinha amigos de estimação. E inimigos também. Como qualquer ser humano marcante e perene.
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