14 março, 2007

Quem engana quem?

Em artigo de opinião no último Expresso, "Quem enganou quem?", Gentil Martins vem acusar, com abundantes "provas" estatísticas, os que negam ou, pelo menos, não têm dados cientificamente convincentes a favor de um aumento do número de abortos após as aprovações de leis como agora a nossa. Isto raia ou o delírio ou a desonestidade intelectual. Como comparar um antes e um depois completamente diferentes?

Vamos a um exemplo muito simples. Quantos viciados em heroína há em Portugal? Alguém sabe? Uma coisa sabe-se, o número dos que estão presos por consequências alterais ou dos que, infelizmente muito poucos, recorrem à reabilitação. Número total, x. Imagine-se agora que se aprova a lei das "salas de chuto". Quantos y seriam então recenseados? Quantas vezes y seria maior do que x?

Não é difícil ser-se minimamente inteligente e os leitores dos jornais estão, em geral, acima desse mínimo. Por minimamente, entendo, utilmente e a pensar nos leitores, o nível que faça pensar a tais gentis senhores que não lucram nada em tentar enganar os outros.

2 comentários:

Anónimo disse...

Por altura do referendo cruzei-me com este texto.

"Does the liberalization of abortion laws increase the number of abortions? The case study of Spain"

http://eurpub.oxfordjournals.org/cgi/content/abstract/11/2/190

GMaciel disse...

Esperemos que o mínimo exigível supere o "máximo elegível". Ou seja, a imagem e o nome pesam cada vez mais nas opiniões propaladas e aceites. Infelizmente!