04 março, 2007

Em defesa do rigor científico

Saio em defesa da honra da minha dama, a ciência. Segundo o Público de 24.2.2007, o ministro da Agricultura admite, e bem, que ainda possa a aparecer em Portugal um ou outro caso de nova variante da doença de Creutzfeld-Jakob, a variante causada por transmissão da BSE ao homem. Mas diz tolice, e perigosa, ao afirmar que esse provável baixo número contradiz o alarmismo dos cientistas.

Começo por salientar a contradição de termos: se há alarmismo, só pode vir de pseudo-cientistas. Ciência e alarmismo são incompatíveis. Segui muito bem a literatura científica sobre este asunto. O que se passou foi que a modelação não dispunha de alguns parâmetros epidemiológicos essenciais. Por isto, os resultados sempre foram "entre algumas dezenas e alguns milhares".

Isto pode parecer estranho e perguntarão, o que adianta tal previsão tão imprecisa? Adianta muito, retira aos políticos a possibilidade de, com honestidade, garantirem que serão só algumas dezenas. Hoje, tudo indica que sim. Bem bom, mas sem se esquecer que, não fora o "alarmismo" dos milhares, não teriam sido tomadas as medidas que muito devem ter contribuído para, afinal, serem só dezenas.

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