11 março, 2007

A PIDE não torturava

No Público de ontem.
A lei sobre o tratamento de presumíveis terroristas, aprovada no outono passado nos EUA, reitera a condenação da tortura, mas permite ao presidente determinar quais os métodos de interrogatório compatíveis com as convenções de Genebra. Essa lei apoia-se num memorando do Departamento de Justiça dos EUA, de 2004, que cita a convenção das Nações Unidas contra a tortura para dizer que práticas como a privação do sono, de comida ou de bebida, e sujeição dos prisioneiros a barulhos excessivamente altos ou a manterem-se em posições e ambientes desconfortáveis muito tempo podem ser comportamentos desumanos, mas não tortura. Só pode ser tortura, recorda o jornal The New York Times, se esse tratamento resultar "em danos mentais prolongados".
Pides, estão absolvidos! A vossa especialidade era a tortura do sono e a estátua, apenas comportamentos desumanos. As vossas vítimas vão ter de pensar que afinal não foram torturadas, porque, felizmente e porque tinham "estaleca", não sofreram danos mentais prolongados. Às vezes, apetece-me escrever um grande palavrão!

4 comentários:

rui disse...

é literalmente a reabilitação da Pide. até aqui os branqueadores ainda iam dizendo que a Pide não era tão má como a Pintam. Agora deram-lhe legitimidade.

lino disse...

E, além disso, uma lavagem proveniente de má fé ou de incompetência, como afirmei no meu sítio, na sequência do seu alerta (andei em mudanças e não vinha cá desde sábado).

M.C.R. disse...

Numa das minhas passagens pela prisão tive a "insigne honra" de passar um largo par de dias na António Maria Cardoso: o regime era o habitual não dormir e estar de pé.
Como sou preguiçoso não gostei. Não gostei mesmo nada, tanto mais que a coisa durou dias. Claro que tive de fazer das fraquezas força porque para passar a regime mais benigno teria de "falar" e delatar amigos. aguentyei-me que remédio mas isso bastou para não o desejar ao pior inimigo.

GMaciel disse...

Quando a História não é encarada e escrita desapaixonadamente, corre-se o risco de a ver mistificada. Este branqueamento não começou agora, apenas ganha maior consistência depois de ter aberto caminho por entre a passividade ingénita deste povo luso.