Está em foco o caso do alegado plágio de Miguel Sousa Tavares, levantado por um blogue que a ética me impede de identificar, até o caso estar devidamente apurado. O que me leva a escrever é a afirmação do blogue, acerca da acusação de anonimato, de que se contam pelos dedos de uma mão os blogues com autor identificado.
É descarada mentira. Basta ver as muitas dezenas dos nossos blogues mais lidos, todos com autores identificados (e outros menos lidos, como os meus). Em certas condições e em alguns tipos de escrita, nada tenho contra o pseudónimo. É o caso da literatura. Ainda hoje há pouca gente que conheça os nomes reais de Miguel Torga, Júlio Dinis, Bernardo Santareno, tantos mais. Na época, ninguém sabia quem eram Alberto Caeiro, Álvaro de Campos ou Ricardo Reis. Em jovem, conheci amigos (e talvez seus alunos) que não associavam os nomes de António Gedeão e de Rómulo de Carvalho. Se um autor de um blogue de poesia ou de simples opinião pessoal quiser usar um pseudónimo ou ficar anónimo, o mais que pode acontecer é não receber no café a possível gratificação de elogio.
Outra coisa é o blogue informativo, de discussão política, com frequente referência a outras pessoas, mais ou menos públicas. Neste caso, passou a quase órgão de comunicação social. Tem responsabilidades para com os leitores e para com as pessoas visadas. A regra essencial da comunicação social é o compromisso indissociável entre liberdade de expressão e responsabilidade por essa expressão, quando ela se torna crime, designadamente em caso de difamação. Para isto, obviamente, tem de haver um nome. Se não, é como carta anónima, coisa que a boa educação diz que deve ir logo para o lixo.
Que tal uma campanha de todos os blogues sérios, junto dos seus leitores, para recusa de leitura dos blogues-pasquim?
Também estou a reflectir sobre uma regra minha: não aceitar comentários anónimos ou sem indicação de endereço de correio electrónico. Afinal, o autor pode ser responsabilizado por tudo o que deixa aparecer no seu blogue.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
"não aceitar comentários anónimos ou sem indicação de endereço de correio electrónico. Afinal, o autor pode ser responsabilizado por tudo o que deixa aparecer no seu blogue". É uma boa regra. Aliás, todo o seu post reflecte o bom senso que devia imperar na blogosfera. Infelizmente, tal não acontece.
Peço desculpa, sem culpa, por um segundo comentário de francisco não aparecer. Recebi a notificação do Blogger, mas não o mostra. Coisas do Blogger.
João, o Prado Coelho, no Público de hoje, insurge-se contra uma similar acusação de plágio, relacionada com um texto que circula pela blogosfera e cuja autoria é atribuída ao colunista. A propósito, solicito a sua atenção para uma pequena nota que publicarei, dentro de pouco, no meu blogue, tributária do mesmo artigo do EPC.
Há pouco tempo,parasitas anónimos campearam no meu blogue. Acredito que são madeirenses, dedução que decorre da inveja mal camuflada, típica de meios provincianos. Se o comentário anónimo for construtivo, sem vilezas que atingem o autor ou outros, não me oponho. Todavia, poucos são os anónimos que mantêm a salubridade. No meu blogue, felizmente, os anónimos probos e habituais deixam pequenos sinais que permitem a identificaçação.
Um abraço.
Viva:
Posso expôr aqui uma teoria de conspiração? Diz-se nesse tal blogue a certa altura: "Na sua maioria, os bloggers escrevem sob pseudónimo desde sempre. E muitos deles são jornalistas, que escrevem com outros nomes o que não têm coragem para escrever nos jornais nos quais trabalham."
Estará aqui uma pista? Será que estes episódios são às vezes simples maneiras acidentais (embora necessárias) de fazer chegar aos jornais histórias que os próprios jornais não querem publicar?
Há quem aproveite estas coisas para lançar acusações genéricas sobre os malefícios do anonimato em geral, sem se lembrar que castiga todos os verdadeiramente anónimos, por causa desses "pseudo-anónimos".
Foi o que fez uma vez o Pacheco Pereira, só para dar um exemplo nada anónimo, como se fosse difícil julgar o valor do conteúdo quando não é possível julgar a "nomeada" do autor.
Talvez esteja a ser ingenuamente optimista, mas acho sinceramente que a maior parte dos frequentadores deste sofisticado "meio" são capazes de julgar o que valem as acusações, independentemente do nome que as assina. Seja ou não "anónimo"... o problema não é o "anonimato", mas sim as "agendas" escondidas...
Paulo Vieira (já agora assino este comentário com o nome do meu "alter ego", não vá o pessoal interpretar mal a minha posição...).
Enviar um comentário