21 outubro, 2006

Notas breves

Desgarradamente, sobre notícias de hoje, no Público.

1. O governo vai acabar com o financiamento público das caixas de previdência privadas (bancários, advogados, jornalistas). Já adivinho, com a minha concordância, a entrada de amanhã de Vital Moreira no Causa nossa.

2. Nunca me teria ocorrido classificar como "objecto" uma peça de teatro ou um concerto. É assim que o fazem os ocupantes do Rivoli. Serão resquícios de algum infantilismo de há trinta anos, então perfeitamente compreensível no contexto, quando todos tinham de ser operários produtores de coisas materiais?

3. A declaração do Secretário de Estado da Indústria, de que os consumidores é que são os culpados do défice da EDP, não é só uma ofensa aos cidadãos, é uma ofensa à inteligência e ao bom senso. Posso tolerar um governante insultuoso para comigo, é uma questão quase pessoal, mas não aceito ser governado por pessoa intelectualmente menor, o que certamente se reflecte na sua capacidade governativa. Já agora, lembram-se da demissão sumária de um ministro do ambiente por ter contado uma anedota de mau gosto?

4 comentários:

Anónimo disse...

Em relação ao 3º ponto, que tem sido repetido ad nauseum pela oposição (psd, be), tenho algumas dúvidas. Ouvi a notícia da frase na tsf, exactamente nesses termos ("a culpa é dos consumidores"),e ouvi de seguida as palavras do secretário de estado. Com muito esforço poderiam ser interpretadas nesse sentido, mas nunca dessa forma linear e mal-educada. Pareceu-me claramente ter havido uma tal instrumentalização das palavras que fez essa interpretação ganhar vida própria, e uma vida tão palpável que às tantas vi o secretário de estado a penitenciar-se pelo sentido - aparentemente verdadeiro - com que as palavras tinham circulado.
Retiro tudo o que disse antes se tais palavras foram exactamente ditas pelo secretário de estado. Se não o foram, penso que mais uma vez todo este circo mediático voltou a considerar as pessoas como idiotas (e em muitos casos com razão).
gf

JVC disse...

Posso garantir que as declarações foram mesmo essas, porque as ouvi ao vivo, na rádio. Mas também já li que ele se penitenciou, dizendo que tinha sido um momento infeliz. Ao menos isso, porque estamos fartos de ver a arrogãncia de muitos que nunca reconhecem um erro. Momentos infelizes todos os temos, mas a sua gravidade mede-se pelas responsabilidades que se têm.

JVC disse...

Afinal, Vital Moreira não esperou para o dia seguinte. Onde escrevi "amanhã" devia ser "hoje". Mas não errei em adivinhar que ele não podia deixar de falar nisto.

Anónimo disse...

De acordo com a terminologia jurídica, "o objecto" sobre o qual recai um direito é sempre uma "coisa", seja material ou não!...