(...) A escola única, gratuita e obrigatória [JVC, itálico meu], instituída e comandada pelo Estado, produto do nacionalismo e do anticlericalismo do século XIX, é agora inteiramente obsoleta e uma fonte de ineficiência e confusão. Reservando para si um papel fiscalizador e regulador, o Estado devia promover a emergência de um "mercado de ensino", em que a escola (pública, particular ou cooperativa) fosse de facto autónoma (e pudesse, nomeadamente, contratar professores), mas sobretudo um "mercado" em que a escola, mesmo a título simbólico, fosse paga [JVC, idem] . Existem argumentos sérios para deixar no Estado a essência da Segurança Social e da Saúde. Não existe nenhum argumento convincente a favor do monopólio ou quase monopólio público da Educação. (…)Decididamente, o homem já não pode ser levado a sério, se é que alguma vez foi. A escola obrigatória posta em dúvida? Não dá para acreditar que alguém possa escrever isto. O homem já esqueceu o que deve ter aprendido sobre a revolução de 1789. E, quanto à escola gratuita, VPV vai ao limite do que tem sido a luta dos "liberalistas" da educação. Eles não põem em causa a escola gratuita, querem é que a escola privada também seja gratuita, mediante financiamento pelo Estado. Escola paga é que nunca ouvi ninguém propor.
Sempre se disse, parafraseando um velho dito francês, que temos a direita mais estúpida do mundo. Agora, ela está a enriquecer-se com luminárias "superinteligentes". Com isto, paradoxalmente, talvez ainda fique mais estúpida.
4 comentários:
Não pretendo colocar todos os intelectuais dentro do saco. Mas como se trata de recuperar algumas pérolas de intelectuais famosos evoco o consagrado Marcelo Rebelo de Sousa que, no domingo à noite da RTP1, foi alvo de uma pequena “convulsão” ao repudiar uma suposta greve de professores usando o argumento de que a opinião pública não lida bem com greves… fantástico!
Aproveito para o saudar, JVC, pelo regresso à blogosfera.
Não me parece legítimo concluir do artigo citado que VPV ponha em causa o ensino obrigatório. Não é isso que leio. O que ele diz é que a escola única e gratuita é "agora inteiramente obsoleta e uma fonte de ineficiência e confusão". É um ponto de vista. E, pelo menos para mim, é irrelevante se estamos diante um ponto de vista de direita ou de esquerda. O que realmente importava é que quem se opõe, como é o caso do JVC, a este ponto de vista, contrariasse e demonstrasse com argumentos (argumentos e não insultos do tipo “ intelectuais de m…” – eu percebo que esteja cansado do VPV!) que a escola não é o que o VPV vocifera – obsoleta e ineficiente. Os números do abandono e insucesso escolar parecem, no entanto, dar razão ao VPV. Se a solução é, simplesmente, a promoção da emergência de um "mercado de ensino" já tenho as maiores dúvidas e reservas. Mas que uma verdadeira autonomia contribuiria para uma escola mais moderna, mais qualificada técnica e cientificamente e, por essa via, mais qualificadora, não me suscita a mínima hesitação; Se essa autonomia fosse acompanha pela lufada de um ar fresco que a desembaraçasse da carga ideológica que "evoluiu" do nacionalismo patriótico meio tolo (de que julgo que fala o VPV) para o marxismo sem pátria e sem raízes que a tolhe (já estou a ver o JVC com um sorriso...” cá está o gato escondido (de direita) com o rabo de fora”); Se se acrescentasse uma reforma curricular que recolocasse a área disciplinar (as ciências e as línguas) no centro da actividade da escola, o passo em direcção a uma Escola mais eficiente era enorme.
Se esta Escola fosse comum à escola pública, privada ou cooperativa (o VPV releva estes três sectores) teríamos Ensino em Portugal.
Sobre o comentário de Manuel Sampayo.
Este espaço de discussão é inteiramente livre. bem gostaria de também intervir, mas não tenho muito tempo a sobrar da escrita.
Só apagarei comentários impróprios, ofensivos, obscenos, etc.
Dou a mão à palmatória. O título da entrada não é feliz. Foi coisa que me saiu, mas lamento.
Hoje em dia, dar a mão à palmatória é um gesto tão raro que, quando o testemunhamos, quase nos sentimos embaraçados. Cumprimento-o.
(Não entendi, confesso, o propósito do segundo parágrafo)
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