...pero que las hay, hay!
O Público é useiro e vezeiro em desprezar o rigor da associação entre texto e imagem. Lembro-me de que a primeira vez em que protestei foi quanto a uma rememoração do episódio, no 25 de Abril, da fragata Pereira da Silva hesitante, defronte do Terreiro do Paço, enquanto os oficiais não controlaram o comandante Louçã. A fotografia do jornal era de uma fragata Meko, ainda nem nascida nessa altura. Respondeu-me um responsável editorial que as fotografias são só ilustrações evocativas. Como se um artigo sobre Sócrates pudesse ser evocado com uma foto de Salazar, também ele primeiro ministro.
Depois deste caso, muitos outros, até ao de hoje, que considero grave. Vejam a fotografia que ilustra uma notícia sobre o tema suscitado há dias pelo general Loureiro dos Santos, do perigo de "aventuras" antidemocráticas decorrentes do mal estar entre os militares. Vejam a parte superior da imagem: pode ser só uma atitude de vigilância de prisioneiros mas não será desonesto nem exagerado suspeitar de que é uma simulação de execução.
Das duas uma. Não é uma fotografia de exercícios do exército português, é de qualquer outro exército? Então, pelo menos, é enorme leviandade do jornal associar esta imagem a uma tal notícia que, já de si, suscita preocupações em relação às nossas forças armadas. Ou é mesmo uma fotografia de exercícios portugueses? Então, pior, o dever do jornal é levantar a questão da gravidade de tais exercícios.
Errata (2.11.2008) - Não sei como me saiu Pereira da Silva em vez de Gago Coutinho. Talvez por me ocorrer o nome da classe a que pertencia a Gago Coutinho. As minhas desculpas aos leitores.
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