Era eu miúdo, habituei-me ao rito diário de ler o jornal da parvónia, quatro pobres páginas, que o ardina madrugador nos passava por debaixo da porta. Mais tarde, também o Primeiro de Janeiro que o meu pai assinava e que lá chegava à ilha requentado de uma semana de vapor a oito nós. Com isto, criei um respeito reverencial pelos jornais, símbolo da verdade absoluta, eu que não sabia o que era a censura. Mais tarde, vindo para vida minha para além da vida familiar, foi o meu saudoso Diário de Lisboa. Por tudo isto, uma das mais difíceis decisões da minha vida, muito recente, foi a de deixar de comprar jornais, que hoje mancham este meu passado de devoção.
Mas os pecados são irresistíveis e hoje caí num, comprei um jornal. Para me penitenciar e merecer absolvição, aqui vai um bom pedaço de página do DN de hoje, com a pergunta: ainda há alguma razão, pequenina que seja, para se acreditar que os jornais são a moeda de ouro da verdade?
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