31 outubro, 2008

Morte anunciada

Este blogue acordou hoje esquisito, cara angustiada, afilada, ensimesmada, embaciada. Pior, dedos enclavinhados nos lençóis, puxando-os desesperadamente para o queixo tremente. Sinais óbvios, na cultura popular da minha gente ilhoa, de morte próxima, "filhe, vá já chamá o padre, tê pá tá-se finande".

Podia fingir atraso de coisa inevitável, mascarado de cavaleiro medieval, jogando com a horrorosa da gadanha xadrez sobre muro dando para o mar. Podia negociar faustianamente com essa velha. Mas não, vou aceitar o destino, dando apenas um último sopro "desta luz celeste à qual as almas restitui, restituindo à terra o pó que as veste", escrevendo hoje a meu bel-prazer, em despedida.

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