...pero que las hay, hay!
31 outubro, 2008
No creo en brujas...
...pero que las hay, hay!
Museu dos coches
Notícia importante
Nesta ponta final, em que ajusto contas, não podia deixar de vir o Público à baila. Segundo o pasquim, faz hoje anos sua sereníssima alteza a infanta D. (perdão, Dona) Leonor, três aninhos viçosos a prometerem cultivo desde já das mais ínclitas virtudes geneticamente acumuladas de apuramento da raça lusitana. Desculpem, é confusão, estou a trescrever, passei para Alter.
Nome de família
O João e a amiga
Morte anunciada
28 outubro, 2008
Escola e laicidade
Na escola pública que o meu filho mais novo frequenta e que o mais velho também frequentou, situada no centro da cidade do Porto, existem crucifixos em todas as salas de aula. Nas duas extremidades do corredor principal pode ver-se uma figura da Nossa Senhora de Fátima e numa delas uma fotografia dos videntes Francisco e Jacinta Marto. No decurso do mês de Maio um conjunto de senhoras idosas desloca-se à escola para rezar diariamente o terço. Aparentemente trata-se de uma tradição com muitos anos. Em 2004, sem que os pais tivessem previamente conhecimento, realizou-se uma missa no recinto da escola por ocasião da reforma de duas funcionárias muito devotas. Eu e a minha mulher contactámos a responsável da escola, depois da realização da missa, demonstrando-lhe o nosso desagrado pelo facto de o nosso filho ter participado numa cerimónia religiosa dentro de uma escola pública e de os crucifixos continuarem expostos, mesmo sabendo que isso constituía uma violação da lei, incluindo a Constituição da República. Desde essa altura nada mudou.
Alguns afirmam, hipocritamente, que o Estado é laico mas não a sociedade. Esquecem-se de que a separação das igrejas e do Estado é uma conquista civilizacional cujos alicerces são o sangue de gerações e de séculos de lutas e combates. A união entre o Estado e as religiões degrada o Estado e degrada as religiões.
25 outubro, 2008
Cartas anónimas
Literatura pimba
Verdade ou mentira?
Era eu miúdo, habituei-me ao rito diário de ler o jornal da parvónia, quatro pobres páginas, que o ardina madrugador nos passava por debaixo da porta. Mais tarde, também o Primeiro de Janeiro que o meu pai assinava e que lá chegava à ilha requentado de uma semana de vapor a oito nós. Com isto, criei um respeito reverencial pelos jornais, símbolo da verdade absoluta, eu que não sabia o que era a censura. Mais tarde, vindo para vida minha para além da vida familiar, foi o meu saudoso Diário de Lisboa. Por tudo isto, uma das mais difíceis decisões da minha vida, muito recente, foi a de deixar de comprar jornais, que hoje mancham este meu passado de devoção.
Old things die hard...
"O desastre ocorrido na banca de investimento americana, da crise do subprime à falência do Lehman Brothers, passando pelas sucessivas intervenções sobre os gigantes do crédito hipotecário, a Fannie Mae e a Freddie Mac, e pela seguradora AIG, associado às crises bolsistas, tem sido pasto para inúmeros comentários. Estes são distribuídos por todo o espectro político, mas mais estridentes à medida que se caminha para a esquerda, para a esquerda socialista, já que a comunista e a extrema-esquerda alter-mundialista sempre disseram o mesmo, contra a "economia do casino", a "loucura do neoliberalismo", a "ganância das grandes empresas", a crise da regulação, a falta de intervenção do Estado no mercado, as "imperfeições do mercado", a necessidade de subordinação da "economia" à "política". E é decretado o "fim duma época", aquela em que supostamente o "neoliberalismo" triunfou impante e a abertura de outra, em que a mão pesada do Estado e dos governos vai "controlar" os mercados para lhes dar a "perfeição" que eles não têm naturalmente. (…)
Naturalmente, como muita gente acha, os "mercados" são maus e injustos, esquecendo-se que são os mercados que estão a acabar com o Lehman Brothers e bem, que são os mercados que estão a fazer aquilo que autores clássicos da economia liberal como Schumpeter sempre disseram que faziam, destruir, que a destruição provocada pelas crises é um mecanismo fundamental de crescimento e de inovação, de pujança do modelo económico do capitalismo. A "crise" não é o sinal da crise do liberalismo, mas sim do seu normal funcionamento, em sociedades e economias que incorporam o risco e os custos como parte do seu funcionamento normal, das regras do jogo dessa mão que Adam Smith dizia ser "invisível"."
Ora, eu devo estar distraído mas o que está a suceder é tudo menos a destruição criadora e o triunfo do capitalismo. Se o Lehman Brothers foi à falência, outros bancos e instituições foram salvas com dinheiros públicos. Isto parece-me uma abordagem muito pouco capitalista, mas poderei estar enganado.
Ontem o Público noticiava que Alan Greenspan tinha testemunhado perante o Congresso manifestando-se chocado com a dimensão da crise financeira. Segundo afirmou: "Há 40 anos ou mais que tinha uma evidência muito clara de que o mercado livre funcionava muito bem. Presumi, erradamente, que o interesse próprio das organizações, nomeadamente dos bancos, era suficiente para que eles protegessem os seus accionistas."
Hoje, novamente o Público, tem como notícia de primeira página a crise económica mundial: SEVERA, PERSISTENTE, PROFUNDA.
Há muitas formas de encarar os acontecimentos que contrariam as nossas crenças. Uma delas é negá-los. Pacheco Pereira faz-me lembrar o senador americano do Partido Republicano, George Aiken, que, em 1966, propôs que a melhor política para o envolvimento americano na guerra do Vietname era simplesmente declarar vitória e retirar as tropas. Talvez possamos fazer algo de semelhante: injectemos quantidades astronómicas de dinheiros públicos nos mercados e proclamemos o triunfo do capitalismo liberal tal como este tem sido entendido nos últimos 25 anos.
23 outubro, 2008
Da ignorância dos alunos do ensino superior
Pessoalmente também tenho a minha pequena colecção e, ouvindo colegas meus, partilho o riso e, mais raramente a tristeza, face às frases que vamos lendo nos exames e nos trabalhos dos nossos alunos. Aqui vai uma pequena amostra.
• Uma colega, numa das suas aulas, referindo-se a um determinado acontecimento, classificou-o como uma revolução coperniciana. Um dos alunos, por sinal um daqueles que, com espírito solidário, empresta os seus apontamentos das aulas aos seus colegas, percebeu e escreveu revolução com persiana…E assim, no exame, várias foram as respostas que trataram de colocar persianas à referida revolução!
• Num exame eram apresentados num quadro as vítimas civis da 1ª e da 2º Guerras Mundiais, e pedida uma análise das causas do aumento das referidas vítimas. Um dos alunos começou a sua resposta afirmando que na 2ª Guerra Mundial, por comparação com a anterior, as vítimas civis tinham aumentado gastronomicamente!
• Numa aula um professor descreveu Viriato como resistente à invasão romana, descrevendo-o como um bandoleiro. Uma aluna escreveu no exame que Viriato era um paneleiro!
• Os três exemplos anteriores fora-me contados. Este passou-se comigo. Numa das minhas aulas explicava que as transições para a vida adulta em tribos primitivas se processavam através de rituais de iniciação, por contraponto às nossas sociedades em que os marcadores dessa transição são muito mais difusos e difíceis de delimitar. Mostrava um documentário sobre esses rituais em duas tribos africanas e colocava os alunos a trabalhar em grupo com base no material visionado. Afirmava que os rituais assumiam formas muito diversas, mas que era relativamente vulgar em determinadas zonas do globo que o ingresso na vida adulta no caso de homens se fizesse por intermédio de cerimónias em que a circuncisão ocupava um lugar central.
Uma aluna escreveu-me no exame que os rituais masculinos envolviam frequentemente a castração! Esta mesma aluna pediu-me para ver o exame e mostrei-lhe o comentário que tinha escrito na margem da sua folha de resposta. “Coitados dos membros desta tribo. Extinguiram-se no espaço de uma geração.” Disse-lhe que se tinha enganado ao escrever castração mas ela afirmou-me que a sua resposta estava certa até porque tinha visto um documentário na televisão sobre o assunto. Pedi-lhe que consultasse o dicionário para perceber diferença entre castração e circuncisão. Não sei se fui bem sucedido…
21 outubro, 2008
"DESDOBRÁVEL" desdobrado do OE2009 - Ministério 15
ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DE COIMBRA - 5.846
ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DE LISBOA - 7.156
ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DO PORTO - 6.222
ESCOLA SUPERIOR DE HOTELARIA E TURISMO DO ESTORIL - 5.461
ESCOLA SUPERIOR NÁUTICA INFANTE D.HENRIQUE - 8.848
INSTITUTO POLITÉCNICO BRAGANCA - 5.008
INSTITUTO POLITÉCNICO DA GUARDA - 4.827
INSTITUTO POLITÉCNICO DE BEJA - 6.254
INSTITUTO POLITÉCNICO DE CASTELO BRANCO - 5.365
INSTITUTO POLITÉCNICO DE COIMBRA - 5.080
INSTITUTO POLITÉCNICO DE LEIRIA - 5.500
INSTITUTO POLITÉCNICO DE LISBOA - 3.159
INSTITUTO POLITÉCNICO DE PORTALEGRE - 6.152
INSTITUTO POLITECNICO DE SANTARÉM - 6.051
INSTITUTO POLITÉCNICO DE SETUBAL - 4.659
INSTITUTO POLITÉCNICO DE TOMAR - 3.379
INSTITUTO POLITÉCNICO DE VIANA DO CASTELO - 5.706
INSTITUTO POLITÉCNICO DE VISEU - 4.520
INSTITUTO POLITÉCNICO DO CAVADO E DO AVE - 3.627
INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTO - 3.029
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DO TRABALHO E DA EMPRESA - 3.938
INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA - 4.244
INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DO PORTO - 3.846 ________________________
UCOIMBRA - FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - 6.240
UCOIMBRA - FACULDADE DE MEDICINA - 8.900
ULISBOA - FACULDADE DE BELAS-ARTES - 4.462
ULISBOA - FACULDADE DE CIÊNCIAS - 7.539
ULISBOA - FACULDADE DE DIREITO - 2.278
ULISBOA - FACULDADE DE FARMÁCIA - 6.322
ULISBOA - FACULDADE DE LETRAS - 4.619
ULISBOA - FACULDADE DE MEDICINA - 6.528
ULISBOA - FACULDADE DE MEDICINA DENTÁRIA - 8.750
ULISBOA - FACULDADE PSICOLOGIA E CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO - 4.323
ULISBOA - INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS* - 120.994
ULISBOA - REITORIA - 993 UNIVERSIDADE ABERTA - 2.095
UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR - 5.517
UNIVERSIDADE DA MADEIRA - 5.522
UNIVERSIDADE DE AVEIRO - 6.922
UNIVERSIDADE DE COIMBRA - 6.669
UNIVERSIDADE DE ÉVORA - 7.237
UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO - 5.533
UNIVERSIDADE DO ALGARVE - 6.577
UNIVERSIDADE DO MINHO - 5.971
UNIVERSIDADE DOS AÇORES* - 13.160
UNL - ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PUBLICA* - 13.618
UNL - FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - 7.318
UNL - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS - 8.968
UNL - FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS - 4.160
UNL - FACULDADE DE DIREITO - 3.563
UNL - FACULDADE DE ECONOMIA - 5.248
UNL - INSTITUTO DE TECNOLOGIA QUIMICA E BIOLOGICA* - 62.308
UNL - INSTITUTO HIGIENE E MEDICINA TROPICAL* - 87.057
UNL - INSTITUTO SUPERIOR ESTATISTICA E GESTÃO DA INFORMAÇÃO - 5.827
UNL - REITORIA - 363
UP - FACULDADE CIÊNCIAS DO DESPORTO E EDUCAÇÃO FISICA - 4.424
UP - FACULDADE DE ARQUITECTURA - 4.650
UP - FACULDADE DE BELAS-ARTES - 4.694
UP - FACULDADE DE CIÊNCIAS - 6.442
UP - FACULDADE DE CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO - 4.115
UP - FACULDADE DE DIREITO - 2.693
UP - FACULDADE DE ECONOMIA - 4.149
UP - FACULDADE DE ENGENHARIA - 6.945
UP - FACULDADE DE FARMACIA - 5.623
UP - FACULDADE DE LETRAS - 3.839
UP - FACULDADE DE MEDICINA - 8.872
UP - FACULDADE DE MEDICINA DENTÁRIA - 8.266
UP - FACULDADE DE PSICOLOGIA E CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO - 6.557
UP - INSTITUTO CIÊNCIAS BIOMÉDICAS ABEL SALAZAR - 6.843
UP - REITORIA - 1.062
UTL - FACULDADE DE ARQUITECTURA - 5.046
UTL - FACULDADE DE MEDICINA VETERINARIA - 9.021
UTL - FACULDADE DE MOTRICIDADE HUMANA - 6.731
UTL - INSTITUTO SUPERIOR CIÊNCIAS SOCIAIS POLITICAS - 3.110
UTL - INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA* - 11.550
UTL - INSTITUTO SUPERIOR DE ECONOMIA E GESTÃO - 4.599
UTL - INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO* - 11.948
UTL - REITORIA - 319
______________________________________
SAS - INSTITUTO POLITÉCNICO DA GUARDA - 637
SAS - INSTITUTO POLITÉCNICO DE BEJA - 307
SAS - INSTITUTO POLITÉCNICO DE BRAGANCA - 323
SAS - INSTITUTO POLITÉCNICO DE CASTELO BRANCO - 273
SAS - INSTITUTO POLITÉCNICO DE COIMBRA - 178
SAS - INSTITUTO POLITÉCNICO DE LEIRIA - 493
SAS - INSTITUTO POLITÉCNICO DE LISBOA - 262
SAS - INSTITUTO POLITÉCNICO DE PORTALEGRE - 432
SAS - INSTITUTO POLITÉCNICO DE SANTAREM - 288
SAS - INSTITUTO POLITÉCNICO DE SETÚBAL - 217
SAS - INSTITUTO POLITÉCNICO DE TOMAR - 178
SAS - INSTITUTO POLITÉCNICO DE VIANA DO CASTELO - 483
SAS - INSTITUTO POLITÉCNICO DE VISEU - 263
SAS - INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTO - 131
SAS - UNIVERSIDADE BEIRA INTERIOR - 460
SAS - UNIVERSIDADE DA MADEIRA - 534
SAS - UNIVERSIDADE DE AVEIRO - 437
SAS - UNIVERSIDADE DE COIMBRA - 587
SAS - UNIVERSIDADE DE ÉVORA - 388
SAS - UNIVERSIDADE DE LISBOA - 299
SAS - UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO - 460
SAS - UNIVERSIDADE DO ALGARVE - 337
SAS - UNIVERSIDADE DO MINHO - 472
SAS - UNIVERSIDADE DO PORTO - 291
SAS - UNIVERSIDADE DOS AÇORES - 568
SAS - UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA - 229
SAS - UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA - 267.
Financiamento global (previsto 2009) - €
ESTÁDIO UNIVERSITÁRIO DE LISBOA - 5.680.000
FUNDAÇÃO PARA A CIÊNCIA E TECNOLOGIA, I.P. - 654.236.704
INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA E TROPICAL, I.P. - 8.059.561
INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I.P. - 16.380.000
OE TOTAL- 2.550.655.869 €
________________________________
Observações:
a) os valores indicados foram encontrados com base nas informações constantes no número de alunos INSCRITOS na instituição, em 2007/2008, e não directamente nos registos do DIMAS - base de inscritos em 31 de Dezembro de 2007, como deveriam ter sido estimados.
b) Há uns quantos registos (*) muito fora dos valores encontrados para as restantes instituições ou entidades, pressuponho que o financiamento previsto e proposto leva em consideração outros factores para além do número de alunos inscritos...
c) Comentários sobre os "shares" seguirão logo que possível.
_____________________
Fontes:
1- http://www.dgo.pt/oe/2009/Proposta/Mapas/map07-2009.pdf
2- Inscritos no ensino superior no ano lectivo de 2007-2008 (por estabelecimento e curso)
20 outubro, 2008
Eutanásia e suicídio assistido (II)
Gostaria de assinalar um paralelismo com a interrupção voluntária da gravidez (IGV). Os adversários da IGV por norma argumentavam que praticar um aborto era moralmente equivalente a matar uma pessoa. Se sustentarmos que um embrião é uma pessoa humana esta conclusão é perfeitamente aceitável. Pessoalmente não creio que assim seja, embora reconheça que existe algo de arbitrário em definir um tempo de gestação a partir do qual a IGV é proibida e moralmente censurável. Os argumentos religiosos foram raramente invocados.
No que respeita à eutanásia e ao suicídio assistido os argumentos religiosos estão lá, embora com outras vestes. Como disse na entrada anterior sobre este tema, o Presidente Nicolas Sarkozy afirmou a Rémy Salvat que "por razões filosóficas pessoais (…) não temos o direito a interromper voluntariamente a vida." Ora, isto não é um argumento filosófico. Poderá ser a conclusão ou a introdução a uma argumentação filosófica, nunca a sua substância. A razão pela qual sustento que o principal argumento contra a eutanásia e o suicídio assistido é de natureza religiosa é que ele pode ser formulado da seguinte forma: temos o dever de viver independentemente da nossa qualidade de vida. E por que razão temos esse dever? Basicamente porque a nossa vida não nos pertence, mas pertence ao nosso criador, ou seja, a Deus.
É óbvio que existem outros argumentos que são invocados contra a eutanásia e o suicídio assistido. O mais comum é o de que as pessoas em situação terminal, como Chantal Sébire, não desejariam morrer caso tivessem acesso a cuidados paliativos que minorassem o seu sofrimento. Mas este argumento não responde à questão moral que está em jogo.
Esta posição resolve alguns problemas mas cria outros. Por exemplo, se uma determinada pessoa não está em condições de escolher de forma consciente, quem toma a decisão por ela? Penso, em concreto, no caso de crianças que sofrem de doenças graves, incuráveis e geradoras de grande sofrimento ou mesmo no caso de adultos que, padecendo das mesmas doenças, são incapazes de tomar uma decisão consciente (pessoas com debilidade mental profunda, por exemplo). Nesse caso sustento que as decisões devem ser tomadas por quem tem a custódia legal sobre a pessoa, como sucedeu no caso de Terri Schiavo, embora neste caso a morte tenha surgido na sequência da falta de alimentação e hidratação.
Universidade de Nobeis
O ex-presidente do BCP Paulo Teixeira Pinto defende que Portugal deveria apostar em colocar uma universidade no topo dos rankings internacionais das melhores instituições de ensino superior, "bastando" para isso contratar vários Prémios Nobel. "O conceito não é uma universidade portuguesa para portugueses, seria uma universidade em Portugal para o mundo", disse à Lusa Paulo Teixeira Pinto, que tinha já defendido a mesma ideia numa entrevista recente ao DN. Na visão do antigo docente universitário, essa universidade teria capacidade de "atracção de talentos, de cérebros, os melhores investigadores. Independentemente dos países onde estejam". Para Paulo Teixeira Pinto, deviam procurar-se "os melhores entre os melhores de todas as áreas do saber", entre os quais alguns Prémio Nobel. "Um Prémio Nobel custa menos que um razoável jogador de futebol." "Não me parece uma tarefa impossível".Concordo no essencial, embora não veja muito bem o que é que Portugal pode oferecer como atracção a um Nobel. Em todo o caso, isto não se afasta muito da proposta que fiz há anos a um grande grupo empresarial português. Mas o que pensava sobre isto Paulo Teixeira Pinto quando presidia ao BCP? Como é fácil dizer “bocas” quando se está na reforma dourada!
19 outubro, 2008
Nota gastronómica (LXVI)
18 outubro, 2008
Eutanásia e suicídio assistido (I)
Hoje a CNN noticiava a investigação lançada sobre a morte de Daniel James, um jovem britânico de 23 anos, paraplégico desde que tinha sofrido um acidente desportivo, que morreu na Suíça alegadamente na sequência de um suicídio assistido.
Em Agosto deste ano os jornais noticiaram a morte de Rémy Salvat, um jovem francês, também de 23 anos, que sofria desde os 6 anos de uma doença degenerativa rara, que o estava a conduzir à incapacidade total. Rémy tinha escrito ao Presidente Nicolas Sarkozy solicitando uma alteração da legislação que visasse a despenalização do suicídio assistido. A resposta do Presidente francês foi a seguinte: "Por razões filosóficas pessoais (…) não temos o direito a interromper voluntariamente a vida." O jovem suicidou-se sozinho em Valmondois, a norte de Paris.
Ainda em França suicidou-se em Março deste ano Chantal Sébire, de 52 anos, que sofria de um estesioneuroblastoma, um tumor raro do sinus e das cavidades nasais. O seu rosto estava gravemente deformado e tinha perdido o paladar, o olfacto e a visão. As dores físicas que sofria eram atrozes. Após mais de 6 anos a lutar contra a doença Chantal Sébine apelou ao Presidente Sarkozy e ao Tribunal da Grande Instance de Dijon para que um médico, da Association pour le Droit de Mourir dans la Dignité, fosse autorizado a administrar-lhe pentotal. Chantal desejava morrer juntos dos seus filhos, que apoiavam a sua vontade. O tribunal recusou a sua pretensão, propondo-lhe em alternativa a aplicação da Lei Léonetti, que consistia em mergulhá-la em coma, não a alimentando e hidratando durante um período previsível de 10 a 15 dias, no final do qual morreria. Dois dias após a sentença Chantal aparecia morta na sua casa. Tinha-se suicidado com recurso ao pentobarbital sódico.
Pelo menos nos dois últimos casos as pessoas que reclamaram o direito a morrer junto dos seus tiveram uma morte solitária e indigna. Vem-me à memória a frase final de O Processo, de Franz Kafka, quando Joseph K. é executado sem saber porquê:
"‑ Como um cão! ‑ disse. Era como se a vergonha devesse sobreviver‑lhe."
17 outubro, 2008
cortar, dobrar, soldar e furar
O referido artigo corrobora um outro, datado de 19 de Novembro de 2007, pelo qual Luís Reis Ribeiro, do mesmo Jornal nos dizia: Portugal perdeu 167 mil empregos qualificados.
Os dois textos parecem desmoralizantes, mas - pensando melhor - são consistentes, alinham e traduzem o espírito e a cota empresarial, possível no nosso país; começa a valer a pena prestar atenção a afirmações como estas, porque são cíclicas.
Nem de propósito, ouvi eu ontem a um empresário: lá na minha zona precisamos só de enquadrar e organizar com rigor as nossas competências tácitas - cortar, dobrar, soldar e furar. Penso que se referia às vantagens de rentabilizar a tradição regional na preparação e treinos, quase inatos, a bem dizer hereditários, de excelentes serralheiros mecânicos...
15 outubro, 2008
Separação total de bens e «adquiridos»
Têm que advinhar....
Não vale!....Como é que adivinharam? É esse politécnico mesmo!
Os meus caros e raros leitores são génios!
Sabem o que o MCTES por lá disse?
Queremos que Politécnicos leccionem cursos CET? Pague-se-lhes muito bem para isso! E muito mal o resto.
Queremos que Universidades leccionem bem Doutoramentos? Pague-se-lhes muito bem para isto! E muito mal o resto.
Orgulhosamente nós
IF-THEN-ELSE
:
No entanto, fui ouvindo a abalizada opinião da oposição sobre o assunto, e percebi que as «coisas» estão mais ou menos neste pé:
ENTÃO não chegámos ao FIM!
12 outubro, 2008
Nota gastronómica (LXV)
David Lopes Ramos, ontem, no Fugas do Público, recordou-me a moreia. No continente, nunca vi moreia à venda e sei que muitos amigos meus nunca comeram este peixe. É muito popular nos Açores e na Madeira e tem para mim um significado especial, apesar de normalmente, em miúdo, não a comer. O meu pai gostava muito de moreia e era pescador amador. Pescar uma moreia dava-lhe prazer, porque o bicho faz-se difícil. Vivendo normalmente nos interstícios entre rochas, e sendo afilado, enrosca-se nas pedras e luta muito contra o pescador. Pescador vencedor e ainda por cima apreciador do peixe, como o meu pai, regalava-se depois ao almoço. Nanja a descendência, influenciada por avó e mãe que achavam que aquele peixe repelente parecia cobra.
1 moreia (normalmente, dá para 6 pessoas), 2 dl de vinho branco seco, 1 limão, 1 cebola, 3 dentes de alho, 1 folha de louro, 1 ramo pequeno de salsa, sal grosso, pimenta branca e preta, moídas a fresco, em partes iguais. Farinha de milho, q. b.Cortar de véspera a moreia às postas e deixar no frigorífico a marinar com o vinho, o sumo de limão, a cebola e o alho às rodelas finas, o louro e a salsa, sal e pimenta. Quando tudo o resto estiver quase pronto, polvilhar ligeiramente a sertã com farinha de milho e aquecer bem. Escorrer as postas de peixe e secar com pano ou papel absorvente. Assar dos dois lados, a lume bem forte e reservar.
2 cebolas médias, 3 tomates grandes, 3 caiotas (chuchus), 4 c. sopa de azeite, 1/2 dl de vinho generoso (verdelho açoriano ou Madeira meio seco), 1/2 dl de sumo de limão galego (na falta, de sumo de lima) e 1/2 dl de sumo de laranja, sal, pimenta, pimenta da Jamaica.
4 batatas, 3 batatas doces.
Cortar em brunesa a cebola, o tomate sem pevides e a caiota e saltear no azeite a lume forte, durante um minuto. Regar com o vinho e sumos, temperar, tapar, baixar o lume e estufar até amolecerem bem. No fim, se necessário e a gosto, um toque de mel ou de melaço de cana a compensar a acidez. Esmagar ligeiramente, a misturar os legumes, como um "concassé" grosseiro.
Bom,... Agora vou mudar o meu objecto de investigação - vou «desenvolver» um vinho frutado qualquer, com um flavor de umas bagas em extinção...desde que seja muito caro!
Desmoralizante?
Não!
São contingências estruturais, estas sim, são exclusivamente nossas!
Hipocrisia
10 outubro, 2008
It’s only Porta da Ravessa but I like it…
Agosto de 2006. Os Rolling Stones chegam ao Porto, cidade na qual dariam um concerto integrado na Bigger Band Tour. À volta da mítica banda inglesa instala-se o circo mediático do costume. Os músicos são seguidos por todo o lado, descrevem-se os pormenores dos seus aposentos nos hotéis da cidade, conta-se, pela enésima vez, os pormenores da sua longa carreira.
Numa das noites Mick Jagger decidiu, após uma visita às caves de vinho do Porto, ir jantar ao D. Tonho, um dos restaurantes de referência da Invicta. Jagger e os seus convidados optaram por um Robalo ao Sal, uma das especialidades do D. Tonho. Depois de encomendada a comida a pessoa que tomou nota dos pedidos aproxima-se com a monumental carta de vinhos do restaurante. Jagger disse simplesmente: “I want a bottle of Porta da Ravessa.” Perante a situação o chefe de mesa ainda tenta sugerir uma alternativa mais sofisticada mas o músico manteve-se firme na exigência do vinho alentejano.
Parece que o vocalista dos Stones gostou da experiência gastronómica portuense. No dia seguinte, antes do concerto, todos os membros da banda foram de novo jantar no D. Tonho. Não sei se tornaram a pedir Porta da Ravessa…
08 outubro, 2008
Sarilhos Grandes
Não consigo imaginar nenhuma localidade em Portugal com um nome tão apropriado para acidentes desta natureza.
05 outubro, 2008
Possibilidades ou Utopias?
Princípios de boa gestão de uma universidade (enunciados a partir de uma vivência particular)
04 outubro, 2008
Querem ver que não consigo explicar "a energia negativa"?
É simples e assim: Durante bem mais do que 15 dias, consegui uma proeza digna de um Nobel qualquer, por ser um caso inédito no campo da optimização de coisas, diria que, e passe a imodéstia, atingi o patamar de cota mínima no ranking da escala anti-divina - rigorosamente, consegui, nesse intervalo de tempo, não estar, nem ir a lado nenhum, e não fazer nada de nada!
Acham impossível? Ai acham? Mas não foi!
Esse meu prodígio pessoal é irrelevante se o compararmos com a altíssima frequência de outras improbabilidades: mantêm-se as mesmíssimas lamentações dos responsáveis institucionais de educação superior à-cerca das situações financeiras deficitárias; e, estas meus amigos são só nano dificuldades, se as compararmos com a manutenção ad eternum das condições que originam esses eternos deficits, e que nos levam a todos à conclusão que a exeguidade financeira é único problema da nossa educação…analisem outras exiguidades e concluímos que o deficit financeiro é só café dos pequenos... o problema "são" os Outros deficits....
Experimentem perceber as fundamentações e decisões do MCTES para as suas opções, experimentem compreender a distribuição de tarefas e de funções do pessoal das nossas instituições de ensino superior, experimentem iniciativas para lançar estratégias de actuação nos vossos pequenos círculos de intervenção…Experimentem ainda estimar o deficit de racionalidade e de lógica necessárias para se resolver de forma mais sistemática essas queixinhas constantes, cujas causas não são meras circunstâncias, e sim debilidades de estruturas das pesadas, e tudo isso aponta para onde?
Deficit de Finanças? Ou Deficit de Recursos Humanos?....
Pois...
Penso que a nossa eternidade nacional vai, obrigatoriamente, tornar-se um pouco maiorzinha e mais perpétua do que a Outra. Assim, manter-se-ão, entre nós, e por sinal bastante frequentes, episódios de «probabilidades e energia negativas»… Acham que reze?
Mas onde é que nós estamos?
Óh meu Deus tem dó da gente.
Mundo velho já deu flor carunchou toda a semente
virou um rolo de cobra, serpente engole serpente.
quem vive lesando outro dando pulo de contente,
o pobre trabalhador..... é o escravo na corrente
Estão matando e roubando, é conflito permanente
um bandido entrou no banco armado até os dentes
chorou no colo da mãe a criancinha inocente
mas ele achou que a criança perturbava o ambiente,
matou a mãe e a filha... foi um quadro comovente
Tem família num bagaço fingindo viver contente
a alegria é só por fora mas por dentro é diferente
é filha desmiolada que casou com delinqüente
é um genro pé-de-cana que não gosta do batente,
onde tem ovelha negra.... desmorona um lar decente
O mundo virou um vulcão e cada vez fica mais quente
não há nada que esfrie quero ver quem me desmente
um grande estoque de bombas crescendo diariamente
quando estourar todas as bombas ninguém fica pra semente
mundo velho não tem jeito... vira cinza brevemente
O mundo já está encardido e não adianta detergente
a sujeira desafia até soda e água quente
num lugar morre de sede e no outro morre de enchente
ó mestre lá nas alturas meu senhor onipotente,
seu poder é infinito..... protegei a nossa gente