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...pero que las hay, hay!
Sobre o que me for saindo, tudo e mais alguma coisa, da política e da vida social à educação superior e à gastronomia
Na escola pública que o meu filho mais novo frequenta e que o mais velho também frequentou, situada no centro da cidade do Porto, existem crucifixos em todas as salas de aula. Nas duas extremidades do corredor principal pode ver-se uma figura da Nossa Senhora de Fátima e numa delas uma fotografia dos videntes Francisco e Jacinta Marto. No decurso do mês de Maio um conjunto de senhoras idosas desloca-se à escola para rezar diariamente o terço. Aparentemente trata-se de uma tradição com muitos anos. Em 2004, sem que os pais tivessem previamente conhecimento, realizou-se uma missa no recinto da escola por ocasião da reforma de duas funcionárias muito devotas. Eu e a minha mulher contactámos a responsável da escola, depois da realização da missa, demonstrando-lhe o nosso desagrado pelo facto de o nosso filho ter participado numa cerimónia religiosa dentro de uma escola pública e de os crucifixos continuarem expostos, mesmo sabendo que isso constituía uma violação da lei, incluindo a Constituição da República. Desde essa altura nada mudou.
Alguns afirmam, hipocritamente, que o Estado é laico mas não a sociedade. Esquecem-se de que a separação das igrejas e do Estado é uma conquista civilizacional cujos alicerces são o sangue de gerações e de séculos de lutas e combates. A união entre o Estado e as religiões degrada o Estado e degrada as religiões.
Gostaria de assinalar um paralelismo com a interrupção voluntária da gravidez (IGV). Os adversários da IGV por norma argumentavam que praticar um aborto era moralmente equivalente a matar uma pessoa. Se sustentarmos que um embrião é uma pessoa humana esta conclusão é perfeitamente aceitável. Pessoalmente não creio que assim seja, embora reconheça que existe algo de arbitrário em definir um tempo de gestação a partir do qual a IGV é proibida e moralmente censurável. Os argumentos religiosos foram raramente invocados.
No que respeita à eutanásia e ao suicídio assistido os argumentos religiosos estão lá, embora com outras vestes. Como disse na entrada anterior sobre este tema, o Presidente Nicolas Sarkozy afirmou a Rémy Salvat que "por razões filosóficas pessoais (…) não temos o direito a interromper voluntariamente a vida." Ora, isto não é um argumento filosófico. Poderá ser a conclusão ou a introdução a uma argumentação filosófica, nunca a sua substância. A razão pela qual sustento que o principal argumento contra a eutanásia e o suicídio assistido é de natureza religiosa é que ele pode ser formulado da seguinte forma: temos o dever de viver independentemente da nossa qualidade de vida. E por que razão temos esse dever? Basicamente porque a nossa vida não nos pertence, mas pertence ao nosso criador, ou seja, a Deus.
É óbvio que existem outros argumentos que são invocados contra a eutanásia e o suicídio assistido. O mais comum é o de que as pessoas em situação terminal, como Chantal Sébire, não desejariam morrer caso tivessem acesso a cuidados paliativos que minorassem o seu sofrimento. Mas este argumento não responde à questão moral que está em jogo.
O ex-presidente do BCP Paulo Teixeira Pinto defende que Portugal deveria apostar em colocar uma universidade no topo dos rankings internacionais das melhores instituições de ensino superior, "bastando" para isso contratar vários Prémios Nobel. "O conceito não é uma universidade portuguesa para portugueses, seria uma universidade em Portugal para o mundo", disse à Lusa Paulo Teixeira Pinto, que tinha já defendido a mesma ideia numa entrevista recente ao DN. Na visão do antigo docente universitário, essa universidade teria capacidade de "atracção de talentos, de cérebros, os melhores investigadores. Independentemente dos países onde estejam". Para Paulo Teixeira Pinto, deviam procurar-se "os melhores entre os melhores de todas as áreas do saber", entre os quais alguns Prémio Nobel. "Um Prémio Nobel custa menos que um razoável jogador de futebol." "Não me parece uma tarefa impossível".Concordo no essencial, embora não veja muito bem o que é que Portugal pode oferecer como atracção a um Nobel. Em todo o caso, isto não se afasta muito da proposta que fiz há anos a um grande grupo empresarial português. Mas o que pensava sobre isto Paulo Teixeira Pinto quando presidia ao BCP? Como é fácil dizer “bocas” quando se está na reforma dourada!
Hoje a CNN noticiava a investigação lançada sobre a morte de Daniel James, um jovem britânico de 23 anos, paraplégico desde que tinha sofrido um acidente desportivo, que morreu na Suíça alegadamente na sequência de um suicídio assistido.
Em Agosto deste ano os jornais noticiaram a morte de Rémy Salvat, um jovem francês, também de 23 anos, que sofria desde os 6 anos de uma doença degenerativa rara, que o estava a conduzir à incapacidade total. Rémy tinha escrito ao Presidente Nicolas Sarkozy solicitando uma alteração da legislação que visasse a despenalização do suicídio assistido. A resposta do Presidente francês foi a seguinte: "Por razões filosóficas pessoais (…) não temos o direito a interromper voluntariamente a vida." O jovem suicidou-se sozinho em Valmondois, a norte de Paris.
Ainda em França suicidou-se em Março deste ano Chantal Sébire, de 52 anos, que sofria de um estesioneuroblastoma, um tumor raro do sinus e das cavidades nasais. O seu rosto estava gravemente deformado e tinha perdido o paladar, o olfacto e a visão. As dores físicas que sofria eram atrozes. Após mais de 6 anos a lutar contra a doença Chantal Sébine apelou ao Presidente Sarkozy e ao Tribunal da Grande Instance de Dijon para que um médico, da Association pour le Droit de Mourir dans la Dignité, fosse autorizado a administrar-lhe pentotal. Chantal desejava morrer juntos dos seus filhos, que apoiavam a sua vontade. O tribunal recusou a sua pretensão, propondo-lhe em alternativa a aplicação da Lei Léonetti, que consistia em mergulhá-la em coma, não a alimentando e hidratando durante um período previsível de 10 a 15 dias, no final do qual morreria. Dois dias após a sentença Chantal aparecia morta na sua casa. Tinha-se suicidado com recurso ao pentobarbital sódico.
1 moreia (normalmente, dá para 6 pessoas), 2 dl de vinho branco seco, 1 limão, 1 cebola, 3 dentes de alho, 1 folha de louro, 1 ramo pequeno de salsa, sal grosso, pimenta branca e preta, moídas a fresco, em partes iguais. Farinha de milho, q. b.Cortar de véspera a moreia às postas e deixar no frigorífico a marinar com o vinho, o sumo de limão, a cebola e o alho às rodelas finas, o louro e a salsa, sal e pimenta. Quando tudo o resto estiver quase pronto, polvilhar ligeiramente a sertã com farinha de milho e aquecer bem. Escorrer as postas de peixe e secar com pano ou papel absorvente. Assar dos dois lados, a lume bem forte e reservar.
2 cebolas médias, 3 tomates grandes, 3 caiotas (chuchus), 4 c. sopa de azeite, 1/2 dl de vinho generoso (verdelho açoriano ou Madeira meio seco), 1/2 dl de sumo de limão galego (na falta, de sumo de lima) e 1/2 dl de sumo de laranja, sal, pimenta, pimenta da Jamaica.
4 batatas, 3 batatas doces.
Agosto de 2006. Os Rolling Stones chegam ao Porto, cidade na qual dariam um concerto integrado na Bigger Band Tour. À volta da mítica banda inglesa instala-se o circo mediático do costume. Os músicos são seguidos por todo o lado, descrevem-se os pormenores dos seus aposentos nos hotéis da cidade, conta-se, pela enésima vez, os pormenores da sua longa carreira.
Numa das noites Mick Jagger decidiu, após uma visita às caves de vinho do Porto, ir jantar ao D. Tonho, um dos restaurantes de referência da Invicta. Jagger e os seus convidados optaram por um Robalo ao Sal, uma das especialidades do D. Tonho. Depois de encomendada a comida a pessoa que tomou nota dos pedidos aproxima-se com a monumental carta de vinhos do restaurante. Jagger disse simplesmente: “I want a bottle of Porta da Ravessa.” Perante a situação o chefe de mesa ainda tenta sugerir uma alternativa mais sofisticada mas o músico manteve-se firme na exigência do vinho alentejano.
Parece que o vocalista dos Stones gostou da experiência gastronómica portuense. No dia seguinte, antes do concerto, todos os membros da banda foram de novo jantar no D. Tonho. Não sei se tornaram a pedir Porta da Ravessa…
Acham impossível? Ai acham? Mas não foi!
Esse meu prodígio pessoal é irrelevante se o compararmos com a altíssima frequência de outras improbabilidades: mantêm-se as mesmíssimas lamentações dos responsáveis institucionais de educação superior à-cerca das situações financeiras deficitárias; e, estas meus amigos são só nano dificuldades, se as compararmos com a manutenção ad eternum das condições que originam esses eternos deficits, e que nos levam a todos à conclusão que a exeguidade financeira é único problema da nossa educação…analisem outras exiguidades e concluímos que o deficit financeiro é só café dos pequenos... o problema "são" os Outros deficits....
Experimentem perceber as fundamentações e decisões do MCTES para as suas opções, experimentem compreender a distribuição de tarefas e de funções do pessoal das nossas instituições de ensino superior, experimentem iniciativas para lançar estratégias de actuação nos vossos pequenos círculos de intervenção…Experimentem ainda estimar o deficit de racionalidade e de lógica necessárias para se resolver de forma mais sistemática essas queixinhas constantes, cujas causas não são meras circunstâncias, e sim debilidades de estruturas das pesadas, e tudo isso aponta para onde?
Deficit de Finanças? Ou Deficit de Recursos Humanos?....
Pois...
Penso que a nossa eternidade nacional vai, obrigatoriamente, tornar-se um pouco maiorzinha e mais perpétua do que a Outra. Assim, manter-se-ão, entre nós, e por sinal bastante frequentes, episódios de «probabilidades e energia negativas»… Acham que reze?
Mas onde é que nós estamos?
Óh meu Deus tem dó da gente.
Mundo velho já deu flor carunchou toda a semente
virou um rolo de cobra, serpente engole serpente.
quem vive lesando outro dando pulo de contente,
o pobre trabalhador..... é o escravo na corrente
Estão matando e roubando, é conflito permanente
um bandido entrou no banco armado até os dentes
chorou no colo da mãe a criancinha inocente
mas ele achou que a criança perturbava o ambiente,
matou a mãe e a filha... foi um quadro comovente
Tem família num bagaço fingindo viver contente
a alegria é só por fora mas por dentro é diferente
é filha desmiolada que casou com delinqüente
é um genro pé-de-cana que não gosta do batente,
onde tem ovelha negra.... desmorona um lar decente
O mundo virou um vulcão e cada vez fica mais quente
não há nada que esfrie quero ver quem me desmente
um grande estoque de bombas crescendo diariamente
quando estourar todas as bombas ninguém fica pra semente
mundo velho não tem jeito... vira cinza brevemente
O mundo já está encardido e não adianta detergente
a sujeira desafia até soda e água quente
num lugar morre de sede e no outro morre de enchente
ó mestre lá nas alturas meu senhor onipotente,
seu poder é infinito..... protegei a nossa gente