13 março, 2008

Progressos!?

Hoje, numa visita relâmpago, à blogosfera, dei de caras com esta boa notícia - "Gago nega despedimento de 40% dos docentes" - divulgada pelo Blog Universidade Alternativa, de JCR.
Do documento original, extraí esta frase:
"O ministro do Ensino Superior reafirmou hoje que o processo de racionalização das instituições do Ensino Superior actualmente em curso não implica o despedimento de dois quintos dos docentes universitários. "
É sempre muito agradável ver claros progressos comportamentais em pessoas que julgávamos irrecuperáveis, ou como agora se diz: "...parece que estamos no bom caminho..."!

Não, não pensem "isso" - porque se não sou partidária de um estado accionista - "golden share" aqui e ali..., - sou ainda menos aficionada de um estado previdência.

O que me encantou, na notícia de que aqui lhes falo, foi o senhor ministro dizer-nos que quer racionalizar as instituições de ensino superior. É um bom começo, e mais vale tarde que nunca.
Os meus caros e raros leitores imaginam o não que aconteceria, se não quisesse(m) racionalizar nada? Eu não consigo imaginar!
Para a empreitada de se racionalizar o ensino superior sem ferir, ou ferir o menos possível, não nos falta sequer orçamento, só precisaríamos de ter uma estratégia pluri-anual devidamente orçamentada, para o sector.
Não seria essa racionalização uma tarefa simples, mas também completam-se agora 3 anos de governação, e o que se tem em Portugal?

Ah! Mas eu digo-lhes o que penso que temos, para o sector:
i) Uma documentação legal sortida, dispensável por já estarem muito claras as concepções europeias- caso do "Decreto Lei Europeu" - Decreto-Lei nº 74/2006 de 24 de Março, ou mal acabada e que possibilita interpretações a gosto do leitor, quando não é mesmo apenas uma rasoeira palavrenta que ninguém entende - Lei nº 62/2007 de 10 de Setembro. Legislação esta que, conjunta ou separadamente, obriga ou possibilita vacuidades [ex: "mestrados integrados", com ingressos a meia nau, (para quê o mestrado integrado?), "especialistas" cujo conceito está para ser definido nas calendas, uma política de investigação "orientada" sem explicações, umas fundações sem Regime Jurídico, etc., etc., etc...],
ii) Umas assinaturas de meia dúzia de protocolos internacionais com custos benefícios discriminatórios, e sem critérios,
iii) Uma Agência de Acreditação "nada morta", ou fantasma,
iv) Um aconjunto de "stakeholders" incógnitos que, seguramente, não representam as sensibilidades.
v) Desses "stakeholders", só por ouvir-se dizer fazem parte "empresas" tais como a EDP e a PT,
vi) Uns quantos conselhos e palpites veiculados, sabe-se lá como, por uma comunicação social de discutível independência,
vii) Uma futura "rede de politécnicos" cujo único objectivo parece ser hegemonizar no palco astros sem talento,
vii) Uma pedra lá para o norte e um logotipo virtual para o que se diz que vai ser o Laboratório Ibérico de Nanotecnologia.
E, já agora, também lhes digo o que penso que não temos:
Insisto que, por ora, não faz falta orçamento ao ensino superior, faz-nos muita falta sim, é uma efectiva a governação no sector, que não represente o papel de arame farpado, com dotes esporádicos de oratória.

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