As associações de pais só recentemente se começaram a evidenciar no confronto entre o ME e os professores, e até com a imagem de alguma divisão interna na sua confederação, a CONFAP, acusada por alguns de conivência com a ME. Sem concordar, até percebo o argumento.
A agenda da CONFAP converge bastante com a do ME, mas é imperioso que se diga que também converge imenso com os dirigentes escolares e professores com quem lidei. O que esta ministra não está a saber fazer é puxar por muitos e muito bons para apoiarem as reformas e encorajá-los a defrontar as inevitáveis pressões da colecção dos medíocres.
Fui sempre membro activo da associação de pais, até há cinco anos, quando o meu filho entrou na universidade. Não creio que a situação se tenha modificado. no entanto, também não posso garantir que a situação que vivi possa ser generalizada. Lidei com dois presidentes de conselho directivo excepcionais em clarividência, bom senso e sentido da liderança. Eram os primeiros a reconhecer que essas suas capacidades e o seu espírito de missão ficavam limitadas por um excesso de “gestão democrática” da escola mas, principalmente, pela insuportável burocracia do ME e da DREL.
A minha outra experiência relevante, dessa época, é a do apreço pela grande dedicação e esforço da parte mais substancial dos professores. Até era notório uma coisa exemplar. Nas minhas duas associações, os outros membros da direcção eram maioritariamente professores, com a regra de que só professores de outras escolas. Depois do seu trabalho, ainda tinham pachorra para ir às nossas reuniões tratar de assuntos de uma escola em que eram só pais, não professores. A meu ver, o movimento dos professores, como colectivo, está a cometer erros. Mas toda esta gente excelente que eu conheci deve estar espalhada por todo o país e não merece a forma como é tratada.
Tudo isto vem a propósito de um artigo de opinião do Público do último sábado, “Boa educação”, um exemplo flagrante do maior conservadorismo e da defesa do ensino privado, coisa que, na educação, já é deriva a que o jornal nos vem habituando. Assina o artigo Gonçalo Portocarrero de Almada, que se intitula vice-presidente da Confederação Nacional de Associações de Família. A princípio, nem pensei que não era a CONFAP, até reparar na fotografia. O autor aparece com colarinho de padre! É pai de algum aluno? E o celibato eclesiástico? O que é esta CNAF, de que nunca ouvi falar, de que nunca li nada enquanto andava pelo movimento das associações de pais?
Mas o nome diz-me alguma coisa, parece-me que já o ouvi falar em nome de uma certa entidade e fui "googlar". Confirmei. O senhor é o visconde da Macieira, o que não interessa para o caso mas dá que rir. Foi ou ainda é capelão de um colégio (S. João de Brito?) e de uma residência universitária (Pio XII?). Tem iniciativas conjuntas com Paulo Teixeira Pinto. Isto cheira que tresanda a Opus Dei. Se for, não é caso único de influência da maçonaria negra no Público.
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1 comentário:
"O que esta ministra não está a saber fazer é puxar por muitos e muito bons para apoiarem as reformas e encorajá-los a defrontar as inevitáveis pressões da colecção dos medíocres."
A minha explicação para esta incapacidade da ministra é muito simples. As medidas de Maria de Lurdes Rodrigues são globalmente negativas e conseguiram realizar algo que parecia impossível há alguns anos atrás: unir os professores (bons, razoáveis, maus e medíocres) contra a sua política.
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