18 março, 2008

Caldeiradas financeiras...

"Liberty is telling people what they do not want to hear" - prefácio do Animal Farm (Orwell)

Hoje, foi um dia prodigioso em notícias interessantes, sobre questões relacionadas com as distorções político-financeiras do ensino superior português.
Ensino? Talvez…Há quem lhe chame isso ou, pelo menos, que é necessário para isso!

Mas como (não) nos dizem as filosofias do estafado Processo de Bolonha – Nós, os cidadãos comuns, é que nem, com After Long Life Eternety Learning, conseguimos aprender... nem sequer a termos vergonha.
E nós cidadãos comuns, como é que nos podemos dar ao respeito quando assobiamos para o lado, na expectativa ingénua de um dia transitarmos para o lado dos “beneficiados”.

Neste “post” vou falar numa notícia que hoje li, e que considero impressionante:
Trata-se de um artigo de Germano Oliveira, intitulado "Ensino Superior Factura 92 milhões em bens e serviços", no Jornal de Negócios, que nos dá conta com um bocadinho mais de pormenor, do que já todos desconfiávamos - o forrobodó das finanças públicas, em que se está a converter um negócio inacreditável de instituições públicas de ensino superior, que não é o da educação.

Não tarda nada, ainda ouviremos dizer, algumas instituições de ensino superior público - sob a protecção do RJIES que, como sabem, já aprovámos, contra a minha vontade - dizerem-nos: Isto, sem alunos, é que era...uma ma-ra-vi-lha.

Por exemplo, se bem que seja uma micharia, porque não chega nem para o petróleo (menos que 12,6% do total atribuído pelo Orçamento de Estado, às Universidades) - mas, 83 milhões de Euros (dos quais 16,5 milhões de Euros pertencem ao IST), são provenientes de instalações e equipamentos, adquiridos com dinheiros públicos, tais como: aluguer de espaços e equipamentos, serviços de laboratórios e a elaboração de estudos.

Diz-nos ainda o jornalista que, incluídos nesses "estudos" se encontram trabalhos mediáticos (ex. aeroporto de Lisboa, PRACE, a Revisão das Finanças Locais, nos quais até se inclui publicidade e fama fácil) que as universidades "ganham" ao sector privado (aspas minhas).

Ganham???? Ganham coisíssima nenhuma! A palavra "ganham", nesta frase, é uma simples força de expressão, porque para não o ser, seria preciso que as universidades concorressem com seriedade, em pé de igualdade com todas as outras entidades potencialmente interessadas, em especial com as empresas privadas, e lhes ganhassem, e não como, efectivamente, as ganham, de lambugem, quando os decisores políticos lhes atiram com trabalhos dessa natureza para o colo e para as pranchetas.

Nas Universidades as propinas pesam menos de 1,9% das "receitas próprias".
Enquanto as vendas de serviços sobem para 12,9%.
Diz-nos ainda o autor que, no fundo, 2008, tornou os politécnicos mais dependentes da procura de alunos. Pois… Elementar meu caro jornalista.

No subsistema politécnico aceita-se que seja assim: You are a slave. Period!

O que eu digo é que: desvio de recursos públicos – qualquer que seja a natureza do desvio - para interesses não devidamente disciplinados por regulamentação transparente e, de preferência, equitativa, para mim, é corrupção!

Caldeiradas financeiras, … nem com molho de tomate. E o Tribunal de Contas sem poder fazer nada?

“In no chess problem since the beginning of the world has black ever won. Did it not symbolize the eternal, unvarying triumph of Good over Evil?"

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