"Não sei se Sócrates é fascista. Não me parece, mas, sinceramente, não sei. De qualquer modo, o importante não está aí. O que ele não suporta é a independência dos outros, das pessoas, das organizações, das empresas ou das instituições. Não tolera ser contrariado, nem admite que se pense de modo diferente daquele que organizou com as suas poderosas agências de intoxicação a que chama de comunicação. No seu ideal de vida, todos seriam submetidos ao Regime Disciplinar da Função Pública, revisto e reforçado pelo seu Governo. O primeiro-ministro José Sócrates é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra a autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas.
Temos de reconhecer: tão inquietante quanto esta tendência insaciável para o despotismo e a concentração de poder é a falta de reacção dos cidadãos. A passividade de tanta gente. Será anestesia? Resignação? Acordo? Só se for medo ..."
Sinceramente, Barreto não sabe? Parece-me boutade evidente, mas é preciso ter cuidado, principalmente quando é o próprio Barreto que começa assim o seu artigo:
"Em consequência da revolução de 1974, criou raízes entre nós a ideia de que qualquer forma de autoridade era fascista. Nem mais, nem menos. Um professor na escola exigia silêncio e cumprimento dos deveres? Fascista! Um engenheiro dava instruções precisas aos trabalhadores no estaleiro? Fascista! Um médico determinava procedimentos específicos no bloco operatório? Fascista! Até os pais que exerciam as suas funções educativas em casa eram tratados de fascistas."
Ao contrário de Barreto, "sinceramente sei" que Sócrates não é fascista. Tem tiques óbvios de autoritarismo e de arrogância, mais facilmente perdoáveis a quem tivesse outra superioridade intelectual. Tem dificuldade em dialogar, é indiscutível. Porque posso desculpar? Porque creio que ele é motivado com genuinidade por um projecto de reforma. Parafraseando Barreto, "parece-me, mas sinceramente não sei". Se é motivado, não lançarei eu a primeira pedra. Em toda a minha vida o espírito de missão me tem tolhido muitas vezes a capacidade - a necessidade - de diálogo. E, já agora, o que foi o espírito de diálogo de Barreto a quando da sua lei da "reforma" agrária?
5 comentários:
"Porque creio que ele é motivado com genuinidade por um projecto de reforma". Pois... mas Salazar, e os seus, também acreditavam ter uma "missão"...
"José Sócrates é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra a autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas."
Uma frase destas mata qualquer esforço de compreensão das intenções de António Barreto. É simplesmente estúpida demais para ser comentada.
PJ, subscrevo. Não é que eu seja um apoiante acrítico de Sócrates, parece-me que deixei isto claro. Mas há gente a escrever barbaridades em jornais de referência, que se vendem e que lhes pagam. O que é isto? Senilidade, alcoolismo, regressão aos tempos infantis do menino que é muito engraçado mesmo a dizer disparates'
Ops esta é forte: "Senilidade, alcoolismo, regressão aos tempos infantis". Os Deuses devem estar loucos!
Ná..., não vou nessa! Não são os deuses que estão loucos, penso que são mesmo estas pessoas que pensam que pensam.
Francisco Sabino
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