Francis Fukuyama, um dos intelectuais americanos mais mediáticos que ajudou a erguer a ideologia neo-conservadora da Administração Bush que esteve na base da invasão do Iraque pelos Estados Unidos, assinou ontem no Público uma crónica sugestivamente intitulada A Autodestruidora hegemonia americana. É um acto de contrição por parte de Fukuyama que se junta a outros que assinou nos últimos tempos.
Ao lê-lo perguntei a mim próprio o que é feito de todos os que em Portugal apoiaram a invasão do Iraque pelas tropas americanas: Vasco Rato, Paulo Tunhas, Fernando Gil e Pacheco Pereira, entre outros. Parece que Pacheco Pereira, num comentário recente que lhe ouvi, criticou a Administração Bush pelo facto de ter baseado a invasão do Iraque na pretensa existência de armas de destruição de massas quando o pretexto deveria ter sido um facto puramente político: o Iraque constituía um factor de destabilização do Médio Oriente que se tornava necessário eliminar.
Esta argumentação é a racionalização do absurdo. E veio-me à memória o célebre livro de Raymond Aron, O Ópio dos Intelectuais, escrito em 1957, onde se acusava a elite intelectual marxista de então de desviar o olhar dos crimes existentes nos países socialistas. O ópio de Pacheco Pereira agora é outro. Mas não deixa de ser menos abominável.
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