15 abril, 2007

O caso Sócrates (V)

Pretendia não escrever mais, mas tomo hoje conhecimento de um facto grave, sobre o qual escrevo só depois de me certificar de que já é largamente de domínio público. Trata-se da eventual falsificação (claro que não estou a dizer que pelo Público, não chego a este absurdo na minha crítica ao jornal) do certificado constante do processo de Sócrates (e porque é que um certificado de habilitações está na universidade e não na posse do próprio?).

O Público apresenta o certificado no seu sítio. Diversos comentadores chamaram a atenção para um facto intrigante. Uma folha timbrada escrita e datada de 26.8.96 (e tanto se tem discutido esta data) tem um rodapé que só pode ter sido escrito depois de 1999. Apesar de todos esses comentários, não encontrei uma resposta do jornal.

Das duas uma. Ou é um artefacto, por exemplo uma inscrição de fax enviado para o Público como cópia do certificado original, e então o Público não pode deixar de esclarecer isto, não pode deixar pairar uma suspeita de tal gravidade.

Ou o certificado original está mesmo escrito naquela folha, com aquele rodapé, e o assunto passa a ser, tanto quanto julgo, matéria criminal, de falsificação de documentos. Se assim for, Sócrates, por razões políticas, terá de demonstrar mesmo que é alheio a este imbróglio.

Insisto: é imperioso que o Público esclareça se o documento que publicou é uma cópia fidedigna ou se é um fax com inscrição à data do envio. Este assunto já circula pela blogosfera e, como dise, aparece repetidamente no próprio sítio do Público. O jornal não pode ficar silencioso.

P. S. (11:39) - Parece que incorri em erro, apesar de não me parecer relevante. Segundo notícia da TVI, o certificado em causa é o que foi enviado para a CM Covilhã. Sendo asim, é possível que só tenha sido emitido já perto de 2000, ano em que saíu no DR a requalificação de carreira de Sócrates. Mas então, porque está o documento datado de 26.8.1996? E porque é que Sócrates, depois de mais esta barafunda, ainda não informou (tanto quanto eu saiba) qual a data em que requereu, recebeu e enviou para a CMC este certificado?

E ainda fico mais baralhado com outro ponto em que só agora reparei. O outro certificado patente no sítio do Público, o que aparentemente estava no processo de aluno e que dá o curso como concluído em 8.9.1996, foi emitido em 17.6.2003! Que significado tem esta data?

2 comentários:

Anónimo disse...

É mais uma trapalhada.

Anónimo disse...

Quanto ao rodapé já arranjaram uma justificação. Mas há muito mais por explicar. As cadeiras realmente feitas e as que tiveram equivalência são diferentes nos vários certificados. E a classificação de cada uma das cadeiras também difere de certificado para certificado.

É uma cadeia interminável de erros de lapsos, de enganos.

«A Universidade Independente (UnI) emitiu, afinal, pelo menos três certificados de habilitações a José Sócrates e não dois, como dizia o seu gabinete. Essa é a explicação avançada por São Bento, e confirmada pelo presidente da Câmara da Covilhã, para justificar o facto de o certificado entregue na autarquia, datado de 26 de Agosto de 1996, ter no rodapé elementos de identificação da UnI - código postal e número telefónico - que entraram em vigor apenas em 1998 e 1999.

Confirmando a veracidade do documento em causa, o gabinete do primeiro-ministro esclarece que, ao contrário do que admitiu ao JN na quinta-feira, esse certificado só foi emitido e enviado em 2000 para a Covilhã. Aliás, ele rectificava um erro de datação de um primeiro certificado, esse sim, solicitado por Sócrates logo que terminou a licenciatura e entregue pela UnI a 26 de Agosto.

Carlos Pinto, presidente da autarquia da Covilhã, garantiu ontem, em declarações ao JN, a "conduta irrepreensível" do primeiro-ministro (funcionário requisitado à Câmara). Segundo explicou, os serviços camarários receberam o primeiro certificado de habilitações, juntamente com o requerimento de reclassificação profissional, em data não especificada de 2000.

"O certificado, que tenho à minha frente, tinha um erro na data de conclusão da licenciatura", afirma o autarca, salientando que faltava um algarismo no ano (constando a inscrição 08/08/9). "Logo que detectaram a gralha, os serviços pediram ao engenheiro José Sócrates que corrigisse a data". Essa é, acrescenta, a explicação para que a UnI tenha emitido um (segundo) documento, datado de 96 mas já com elementos de identificação actualizados no rodapé. "Sendo uma correcção do certificado original, é natural que fosse mantida a data", afirmou.

O terceiro certificado emitido - primeiro tornado público e que, recorde-se, apresenta como data de conclusão da licenciatura 8 de Setembro de 1996, um domingo - tem, em contrapartida, data actualizada de emissão 17 de Junho de 2003».
Mas ainda está muita coisa
por explicar.
O gabinete do primeiro ministro disse que a data certa de conclusão do curso é a do 1º e 2º certificados (8/8/96), mas as cadeiras feitas e as equivalências certas são as que estão no 3º certificado, o emitido em 2003!!!
Para essa discrepância ainda não arranjaram justificação.