04 julho, 2008

Preservativo

Vou ser politicamente incorrecto, coisa tanto mais grave quanto se relaciona com o meu ofício. Como professor de virologia, dou especial atenção às doenças transmitidas sexualmente, com realce para a Sida. Entre muitas coisas, falo da prevenção e da obrigatoriedade do uso do preservativo. Digo aos meus alunos que hoje já não se fala em grupos de risco (homossexuais, drogados, prostitutas, hemofílicos) mas sim em comportamentos de risco, de promiscuidade, de multiplicidade de parceiros, de falta de protecção, que afectam já todos os indivíduos, mesmo heterossexuais, especialmente em África. Refiro-me também aos bissexuais, que fazem a ponte entre os dois “mundos” sexuais.

O preservativo devia ser obrigatório mas de facto não é. Há muitas prostitutas que prescindem dele por maior ganho, quando o cliente está disposto a pagar mais por isto. Há hoje muitos clientes de quartos escuros de bares gay que jogam à roleta russa, com a ideia de que é sexualmente mais excitante e com a falsa segurança de que hoje há bons tratamentos. E, mais lamentavelmente, há homens dominadores que abusam das fragilidades e dependências das suas mulheres e que impedem o uso do preservativo.

Mas todos somos sensíveis a coisas bonitas na vida, mesmo quando vão contra as mais sábias recomendações. Quando a mulher que nos ama e que amamos nos diz que confia em nós, que está certa de nunca ser traída, e quando nós sentimos o mesmo em relação a ela, a rejeição do preservativo passa a ter valor, deixamos de fazer sexo, só fazemos amor.

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