28 abril, 2008

Sobredotados

Muitas vezes, já sabem, estas entradas são ao retardador, à medida que me vou lembrando de notícias antigas. Agora foi uma do Público de 29 de março, “Vazio legal não permite que crianças sobredotadas possam matricular-se no 1º ano”. Depois, uma outra em que se diz que as escolas não querem a eventual perturbação da rotina causada por estas crianças. Isto disse-me muito, porque, não sendo eu estúpido de todo, tive um primo que me ultrapassava largamente, verdadeiramente sobredotado, com um muito alto QI.

Diz a história de família que ele já sabia todas as letras ainda andava de carrinho (as pessoas diziam, coitadinho, tão esperto e aleijadinho). Não se lembra de aprender a ler nem de aprender os números. a minha mãe, sua educadora infantil, achou que ele não podia continuar na infantil e, como era escola privada, passou-o aos 6 anos directamente para a 2ª classe. No ano seguinte, não pôde fazer o exame da 3ª classe, adiado para o próximo ano, em que de facto cumpriu a 4ª, mas não o exame. Admissão ao liceu, nesse ano, com 8 anos de idade, é que era totalmente impossível, embora fizesse a 100% todos os pontos de ensaio que então se usavam para treino do exame.

O ano seguinte, de repetição, teria sido um horror não fosse a compreensão do velho e sábio professor, que lhe permitia ler o que quisesse, fazer desenhos, em troca de, algumas vezes, ir lá para o fundo resolver problemas com os mais atrasados.

Quando é que teremos uma escola à medida das necessidades de cada criança, por baixo ou por cima, e não sujeita a burocracias unificadoras? Hoje talvez só deixassem Mozart começar a aprender piano aos 7 anos.

1 comentário:

Anónimo disse...

se todas as escolas de musica, por exemplo, oficiais ou nao, so aceitasse alunos apartir dos 6anos, eu nao poderia começar a tocar piano aos 4 anos...