Enquanto as criações de eventos e de sound-bites se circunscreveram ao território exclusivo dos profissionais de comunicação social, embora influenciando a nossa agenda de discussões e de pensamentos soltos, podíamos dormir descansadinhos, mesmo de papo para o ar...
O pior é que, ultimamente, para todas as áreas do conhecimento, quase todos os dias descem ao terreiro da nossa indústria noticiosa sobre a educação superior novos protagonistas não profissionais - os freelancers - isto é, pessoas sortidas com propensões mais para o lado de "criadores de casos" (sérios) do que para o lado dos "criadores de acontecimentos"...
Como ninguém do milieu politécnico quis, se perfilou ou pretendeu aproveitar a "boquinha das fundações privadas de direito público", tenho andado eu, para aqui, conversando com os meus zippers, a meditar e a averiguar (sem sucesso) esclarecimentos sobre aquela "novidade intermitente" dos Consórcios de Instituições Politécnicas ou das tais Universidades de Ciências Aplicadas, de que já vos falei num dos meus posts de há uns dias atrás. Lembram-se? Esse mesmo dos camaleões! Cogitei também sobre as causas ou a origem da ideia, bem como dos circuitos e cruzamentos de supostas papeladas (propostas? e contrapropostas?) de que se desconhecem não só os autores como ainda os conteúdos: será o MCTES?, o CCISP?, Presidentes de Politécnicos? Alguns Presidentes de Politécnicos? Presidente do CCISP? O CRUP? (este, só para confundir....)? Apenas uma triste lembrança minha? (por distracção?)...
Eis se não quando, ontem, me aterraram no colo, uma outra vez, as seguintes notícias, ambas do Jornal de Negócios, subscritas pelo Jornalista Germano Oliveira, datadas de 22 de Abril de 2008 mas, desta feita, com informações recolhidas ao senhor Presidente do CCISP, respectivamente, nas páginas 33 e 34 - separata Campus do mesmo Jornal de Negócios: 1ª - Consórcios entre politécnicos e universidades estão em risco; e 2ª - Salvo quatro politécnicos não há dimensão crítica.
O Senhor Presidente do CCISP, como se não bastasse o RJIES falar, muito de relance em Fundações sem as definir, e colocando instituições respeitáveis na dúvida sobre como as concretizar, vem agora juntar mais uma peça ao puzzle e gasolina à fogueira, desta feita, envolvendo outras 15 instituições não menos respeitáveis - num dos artigos que referi, uma entrevista, o Senhor Presidente do CCISP diz-nos que pensa ser útil organizar os politécnicos em Consórcios, por NUT II, mas diz também que quer?/precisa? que uma entidade (o MCTES?) lhe defina, por ainda mais uma outra legislação (Decreto-Lei?), o que é que isso vai ser ou poderá ser... No entanto, diz-nos que já sabe que os futuros consórcios precisam de "lideranças fortes, responsáveis e responsabilizáveis"...
A questão a meu ver, está ainda muito longe de lideranças, pois se não se sabe bem o que é, nem para que serve, qual é a preocupação de se saber o perfil de quem irá por lá "mandar"?
A questão a meu ver, está ainda muito longe de lideranças, pois se não se sabe bem o que é, nem para que serve, qual é a preocupação de se saber o perfil de quem irá por lá "mandar"?
Mas afinal:
- de onde é ou de quem veio mais esta ideia de Consórcio? - não será este termo, apenas um nome de baptismo, de uma repetição de outras tentativas anteriores sem qualquer sucesso?
- e, de onde veio a ideia das Universidades de Ciências Aplicadas (será isto só um nome "bonitinho" que, em Portugal, se dará aos tais Consórcios) ou corresponde aquela mesmíssima e gasta ideia de instituições alemãs e finlandesas, que são exactamente "os nossos" politécnicos, mas com esse nome?
- O RJIES impede a organização de consórcios e associações de instituições? Se as instituições se quiserem organizar, por qualquer objectivo comum quem as impede e como? O Senhor Ministro? Com base em quê?
- Se a legislação sobre os Consórcios é perturbadora para a actual fase de definição estatutária dos politécnicos porque surge agora e de repente mais esta questão, e não foi ela levantada na época certa? - isto é, antes do RJIES ser aprovado.
- A troco do quê, vai o MCTES no Despacho (??) impedir uma associação entre Politécnicos e Universidades? Não vai, nem pode!
- O que é que, exactamente, foi obstáculo para racionalização de recursos, que agora parece resolúvel pelos consórcios? Por favor, não nos diga que nunca foi tentada? Sabe porquê? Porque foi, por muito demasiado tempo!
- A massa crítica que não existe deve-se apenas ao tamanho das instituições - número de alunos? ou de ausências efectivas e pensadas políticas institucionais de formação?
- Os ditos 4 grandes politécnicos têm todas eles massa crítica?
- Como é, exactamente, recomendada a arquitectura dessa massa crítica?
- Os ditos 4 grandes politécnicos têm todas eles massa crítica?
- Como é, exactamente, recomendada a arquitectura dessa massa crítica?
Perante estas questões e muitas outras, na verdade, penso que não seja o receio da perda de autonomia que faz as instituições politécnicas não aderirem bem à ideia, o que as afasta é não se perceber bem a ideia. Explique lá outra vez, por favor!
Engano-me muitas vezes mas, sobre esta questão destes consórcios, não tenho qualquer dúvida em identificar se se trata de uma ideia estratégica ou de um plano de emergência - útil para quê? ou para quem?
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Sabem uma coisa? Penso que o artigo, de que lhes junto as referências em seguida, apesar de antigo, dá-nos belas pistas do que parece estar a acontecer com esta súbita criatividade e urgência insistente sobre consórcios dos politécnicos, pelas NUTII: JORNALISMO E ELITES DO PODER, Estrela Serrano, Escola Superior de Comunicação Social. UBI. 1999.
http://www.bocc.ubi.pt/pag/serrano-estrela-jornalismo-elites-poder.html
http://www.bocc.ubi.pt/pag/serrano-estrela-jornalismo-elites-poder.html
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