Não gosto nada da ideia de "inimigos de estimação", mas admito que me dá muito gozo ter uma bela lista de "bobos de estimação". Na sua qualidade comum de parvoíce, tendo a classificá-los por ordem de pomposidade, de notoriedade, de "parece que há um rapaz, o Pacheco..." (atenção, estou a falar do meu conterrâneo Fradique, não de Pacheco Pereira). Quem será o meu número 1? Cada vez tendo mais a dar ao prémio a João Carlos Espada.
O homem, semanalmente, faz-me o pior que se pode fazer a um português, lembrar que a palavra "inveja" é a última dos Lusíadas. Ele são as brilhantes ideias, a originalidade decerto apreciada em todas as conversas de barbearia por este país fora, essa coisa obviamente compreensível de tanto se ser conselheiro de Soares como de Cavaco. Mas há muito melhor, aquilo que verdadeiramente invejo, o cosmopolitismo, essa capacidade única de aspirar os aromas de tudo o que há de mais intelectual em Inglaterra, por onde ele passou.
Quando lhe deu o tema de tese, Ralf Dahrendorf falou-lhe criticamente de Charles Murray. O nosso espadique foi ler, aplicadinho, e, ao longo dos tempos, alguma coisa germinou. Sei agora, segundo a sua última crónica no Expresso, que, doze anos, mais tarde, em 2002, jantaram os três e conversaram amenamente sobre esse episódio. Imagino como os dois seniores, babados, se diziam mutuamente em silêncio, "que génio, este rapaz! Com ele, ainda vamos ver um imenso Portugal!". Tudo isto me lembra o Zelig, de Woody Allen. Viram?
Oxalá que não dê a JCE para falar sobre a monarquia inglesa. Se sim, a rainha que se cuide, porque o Expresso há-de falar sobre muitos almoços com a rainha.
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6 comentários:
Há outra frase que também vi escrita num urinol. Pela tua descrição parece que se aplica.
"If you can't dazzle them with your brilliance, baffle them with bullshit"
Paulo Vieira
Só do Paulo!
LOL!!!!!
Já agora um concurso. que máxima a aplicar a um nosso "comum amigo"?
Eu já não leio o JCE. Por uma simples questão de higiene... mental.
Se estás a falar daquela pessoa em quem eu estou a pensar, confesso que apesar de todo o esforço dele, eu já nem baffled consigo ficar...
Paulo Vieira
jawufluwO João Carlos Espada é, de facto, um caso de imbecilidade acima daqueles limites que vão merecendo alguma indiganação pontual, mas que dissolve na complacência.
É que, para além do ridículo a que se expôe (particularidade a que já tinha quando era marxista-leninista-maoista), não compreende que aqueles que tenta engraxar não são engraxáveis por nenhum Espada, nem respeitam que derrama esse tipo de graxa.
Henrique, V. toca no ponto essencial, a complacência. É coisa bem portuguesa, mas talvez fõssemos um Portugal diferente sem essa complacência, com o dever cívico, intelectual, ético, de expor esta gente ao que merece e de dizermos sempre a nossa velha máxima, o rei vai nu. Haja coragem!
Ai, triste jardim à beira mar plantado e com tanta brandura de costumes! Quando é que esta terra vai ser um enorme Portugal?
Lembrei-me agora de uma coisa. Se fizesse um inquérito e depois cruzasse as palavras pátria e Scolari, sempre gostaria de ver o que dava.
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