20 novembro, 2006

O pânico dos privilegiados

Estamos em época de caça aos privilégios. Na dúvida reinante sobre se o governo é ou não de esquerda, a luta contra os privilégios parece-me ser sempre, em princípio, uma coisa estruturante da esquerda. Agora são os sistemas especiais e sectoriais de saúde, a ADSE, os SAMS, os jornalistas. Não tenho nada contra eles, eu que também tenho um seguro de saúde de família amplo, se forem um acréscimo ao SNS mas pago pelos que deles beneficiam, não por todos os contribuintes.

Não me venham é tentar justificá-los com argumentos primariamente emocionais e sem qualquer racionalidade, a enganar o pagode. O Sindicato dos Jornalistas afirma que "a CPAFJ faz parte do património dos jornalistas como um patamar de qualidade e de direitos, é um reconhecimento do Estado das especificidades da profissão e é também decisiva para as condições em que os jornalistas portugueses desempenham a sua profissão". Eu aceitaria isto do sindicato dos mineiros, dos pilotos da aviação, dos controladores aéreos, até dos enfermeiros e outros mais já agora, pessoal de laborstários de invstigação, um ambiente dos mais hostis). Mas dos jornalistas? Fico a saber que é profissão de desgaste, talvez pelos riscos para o colesterol de muitos almoços em procura da caxa. Especificidades da profissão? Expliquem lá isto. Vai mal o sindicalismo em Portugal. Em Portugal que, felizmente, está cada vez menos um pais de acéfalos. Cada vez mais o Zé Povinho começa a ser o barman do cartoon diário do Público. Não lhe comem as papas na cabeça.

Entretanto, os grandes privilegiados estão seguros e não entram em pânico, até se riem dos ataques à banca. Esta é que a questão essencial.

2 comentários:

M.C.R. disse...

A ADSE porquê? É paga ao que sei pelos funcionários Totalmente. De resto se o problema é financeiro basta aumentar a quotização destes.
ninguém fala disso ou daquele outro escândalo que é o Estado não pagar um tostão (um tostão) de prestação de segurança social pelos seus funcionários. só se ouve dizer que as reformas da FP são pagas pelo Orçamento. Não é verdade. São pagas pela verba que o Estado desde sempre se
"esqueceu" de descontar pelos seus empregados que eles, sim, pagam a parte que lhes compete.
No caso da Caixa dos Jornalistas estarei de acordo com o texto se de facto se verificar que são os contribuintes em geral que a pagam. todavia suspeito que o pagamento é da responsabilidade das emprezas jornalísticas e não do público em geral

JVC disse...

Pelo que sei, o mcr não tem razão. A ADSE é financiada em boa parte pelo Estado, muito para além das contribuições individuais. Os sistemas privados também. Se estiver enganado, corrijam-me.

Quanto a aumento das contribuições pessoais para a ADES, vejam-se os protestos acerca do recente pequenio aumento.