Segundo o Público de hoje, o arcebispo de Braga e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, declarou que "não se pode reconhecer ao poder constituído, na sua vertente legislativa, competência para liberalizar ou descriminalizar o que, por sua natureza, é crime". Parece-me coisa espantosa, a arrogância de uma instituição, por mais respeitável que seja, contestar a total soberania do Estado, também no plano legislativo. Segundo creio, só tem uma limitação, a Constituição, mãe condicionadora detodas as leis. Ou a Igreja ainda está nos tempos da vigência universal do direito canónico e da vassalagem ao Papa?
Registe-se também, na mesma notícia, a habilidade da Igreja para uma no cravo e outra na ferradura. Em contraponto à negação do aborto, o arcebispo reconhece "os dramas psicológicos, sociais e económicos que tantas vezes se apresentam como "indicações" para o aborto". Mas defende que esses dramas devem provocar "a solidariedade real e efectiva do poder político e da sociedade civil, criando as condições necessárias para que a nova vida seja acolhida e se possa desenvolver".
Nota – Repare-se que o Público designa sempre o arcepisbo apenas pelo nome. Eu dou-lhe o "Dom" tradicional. Para se ser de esquerda não são necessários excessos jacobinos insignificantes. E até confesso que não gosto dos telefonemas publicitários ao Sr. João, aparentemente filho anónimo.
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3 comentários:
Eu acho que a Igreja ainda não entendeu a mudança dos tempos. De todo o modo o bidpo fala obviamente para dentro, para os católicos, para os que ele acha que pode e deve influenciar.
udo devo dizer, em abono da verdade, que já estava admirado com o ensurdecedor silêncio da hierarquia eclesial. De facto a Igeja não pode deixar passar sem mais este referendo. Não pode sob pena de se desdizer coisa muito pior do que ser acusada de falta de humanidade para com as mulheres que são obrigadas a abortar. É dramático mas é assim mesmo.
note-se que escrevi Igreja com I grande. Para jacobinismos também não dou. Já somos dois "sr. João"...
O comentário anterior foi escrito pelo Sr. Marcelo, que deve receber também os telefonemas "Olá, Sr. Marcelo, vou-lhe apresentar uma grande promoção".
Isto pode parecer snob mas é importante. Por mais que nos destaquemos como indivíduos, somos pequenos elementos da massificação.
Se recebo!
Mas melhor do que eu há um amigo meu, juiz conselheiro do supremo que sendo enorme e gordo é por um par de amigos chamado Manuelzinho. Ora acontece que um preopinante foi uma vez pedir-lhe um parecer e coeçou: bom dia senhor Manuelzinho...
Claro que desde essa altura esse nosso amigo é, para a pequena roda dos íntimos, o "senhor Manuelzinho"
Falando mais a sério: eu penso que andam por aí uns formadores de pessoal de empresas que ensinam as criaturas a tratar a pessoa em frente pelo seu primeiro nome precedido de senhor. Será? É que isto está de tal forma estendido que só por conspiração ou curso de formação. quem me exclarece?
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